Bem Vindo!

TRANSEUNTES

Criado em abril de 2012, o grupo de pesquisa"Transeuntes: Estudos sobre performance e Teatro performativo" foi formado a partir da necessidade de artistas em ampliar os estudos sobre as intervenções performáticas nas ruas. Em parceria entre Professores e Alunos do Curso de Teatro (COTEA) da UFSJ (Universidade Federal de São João Del Rei), o projeto consiste, entre outros pontos, em estudos teóricos sobre determinados autores que abordam o teatro nas ruas e em experimentações práticas que visam inserir o espectador transeunte na construção dos processos criativos, a partir das temáticas referentes às abordagens atuais. A pesquisa tem como principal objetivo investigar as propostas de estreitamento entre a cena contemporânea e o espectador transeunte nas ruas de São João Del-Rei, visando analisar a inserção do público como participante das ações performáticas, na busca de:

(...) Utilizar o ambiente urbano de maneira diferente das prescrições implícitas no projeto de quem o determinou; enfim, de dar-lhe [espectador-cidadão] a possibilidade de não assimilar, mas de reagir ativamente ao ambiente. (ARGAN, 1998, p. 219)

Os membros atuais do grupo Transeuntes são:

Professores - Ines Linke e Marcelo Rocco.

Alunos - Débora Trierweiler; Diego Souza; Diogo Rezende; Fernanda Junqueira; Gabriela Ferreira; Guilherme Soares; Halina Cordeiro; Henrique Chagas; Isabela Francisconi; Kauê Rocha; Nathan Marçal; Paula Fonseca; Rick Ribeiro; Tatiane Talita.

domingo, 26 de outubro de 2014

Ações do dia 23.10.2014

Resumo da atividade
23.10.2014 (quinta-feira) 15h00
Proposta Matheus Correa                                                                          
Praça Bom Senhor Jesus do Matosinhos, Bairro Matosinhos, São João del-Rei, MG.

A reunião desta semana continuou obedecendo à lógica de propostas de exercícios experimentais auxiliares na construção de uma dramaturgia para a nova encenação performativa do “Transeuntes – Grupo de Estudos em Performance” provisoriamente chamada de “Deus é Fiel”. Todos os pesquisadores do grupo farão propostas - a partir de seus interesses e desejos individuais - que deverão dialogar com os eixos temáticos que norteiam os trabalhos neste ano de 2014.  Entre eles estão à discussão acerca da construção do “ser” na forma de “corpo de consumo”, a espetacularização da vida seguindo os preceitos de Debord¹ (1999), as relações a partir da “mercadoria” e as tensões existentes entre consumo e consumismo.
Se no último espetáculo a crítica se deu sobre a banalização da violência, suas relações de consumo e sensacionalismo; e o pensamento sobre a morte como um souvenir da sociedade contemporânea, desta vez estas relações serão vistas sob o recorte das instituições religiosas. Nesta pesquisa atual o grupo se debruça sobre o entendimento de alguns mecanismos utilizados por diferentes instituições judaico-cristã-islâmicas para angariar lucros e fomentar lógicas consumistas.
Sendo assim, respeitando uma ordem anteriormente estabelecida, cada pesquisador deve apresentar suas propostas de exercícios e experimentações de cenas, performances, instalações etc. Após cada experiência – devido ao grande número de proponentes podem acontecer diferentes propostas em um mesmo dia, caso dessa semana – são feitas discussões entre os integrantes do grupo. Nelas são feitas análises e apontamentos sobre os potenciais, fragilidades, e o caráter dialógico da proposta com os eixos temáticos e interesses da encenação performativa.
Matheus Corrêa, o proponente da semana passada junto com Junio de Carvalho, refez uma de suas propostas. Mas, diferente da última semana em que a ação aconteceu no centro histórico (Praça do Carmo, ao lado da Igreja da Nossa Senhora do Carmo) desta vez o local escolhido foi a Praça do Bom Senhor Jesus do Matosinhos. A ideia é que consigamos diversificar os locais de ação como forma de possibilitar a experiência com públicos e espacialidades distintas. A escolha também dialoga com o caráter descentralizador que permeia as discussões tanto do grupo Transeuntes quanto do Urbanidades- Intervenções.
A necessidade de refazermos a ação se deu por dois motivos principais. Seu potencial e algumas questões levantadas pelo grupo. A ação basicamente consistia em pessoas cujas vestimentas correspondiam com as roupas ditadas socialmente para cada sexo biológico. Todos eles, ao todo quatro, colocaram-se próximos ao chafariz da praça, e tinham “placas” de papel A4 que caracterizavam um ou mais pecados morais condenáveis pelos cristãos ou não só. Rick Ribeiro trazia as palavras “bicha” e “drogado”; Sabrina Mendes “suicida”; Marcelo Rocco (bate em mulher e “punheteiro”) e Iolanda de Lourdes “puta e ela abortou”. Matheus Way vestido com roupas e acessórios coloridos era aquele que convidava os passantes para atirarem pedras cenográficas (de tecido) nos pecadores. O jogo, segundo ele, além de ajudar os alvos à redimirem seus pecados dava ao lançador assertivo de três alvos a premiação de uma gota do sangue de Jesus. A ação não teve grande quórum, mas mostrou-se muito potente. A ideia de incluir a performance do espectador na cena pode auxiliar na reflexão sobre o que é mostrado. Mas foi neste quesito que surgiram as questões mais complexas. Uma parte do grupo acreditou que a utilização de condutas julgáveis pelas regras e dogmas da igreja paralelas á algumas julgadas pela lei e por grande parte das pessoas (como o caso do “bate em mulher”) pode ser perigosa. Colocar um homossexual e um agressor de mulheres na mesma plataforma de julgamento pode favorecer interpretações erradas, caso isso não seja escolhido. Sendo assim a proposta foi refeita, e as mensagens editadas. Optou-se por escolher apenas uma palavra por pessoa. Camelia Amada Guedes ficou com “Não pagou o dízimo”; Marcelo Rocco trazia os dizeres “Levantou falso testemunho”; “Pederasta” e “Adúltera” eram as palavras de Junio de Carvalho e Lucimélia Romão, respectivamente; Iolanda trazia a frase “ela abortou”; Pedro Mendonça “Ele adora outros deuses”; e por fim Bernadete Macinelli “pecou contra a castidade”.   (imagens 1-6)







       Os alvos cresceram em número, mas não ocorreu o mesmo com o público. Descobrimos que a ação refeita poderia ter sido melhor aproveitada caso fosse pensado melhor a pré-produção. Escrever as placas anteriormente com pesquisa de frases bíblicas e a escolha de um local com maior circulação de pessoas, o que poderia ter auxiliado tanto nas intenções da ação quanto no envolvimento dos passantes. Alguns integrantes apontaram para Luís Lebre outras possibilidades de intervenções e abordagens. Ele teve que substituir o Matheus Way que faltou no dia por problemas pessoais. Também o fez Sabrina Mendes pelo mesmo motivo. A discussão foi adiada por conta do segundo exercício proposto por Ines Linke no CTan.

Proposta de Ines Linke                                                                   
Campus Tancredo Neves - UFSJ -Avenida Visconde do Rio Preto,S/N - Colônia do Bengo São João del Rei – MG
A ação sugerida pela professora Ines Linke foi chamada de “Bloody Mary”. Foram pedidos roupas, acessórios, objetos, alimentos e bebidas de cor vermelha para a ação, foi também preparada uma tinta artesanal para pintar alguns corpos. O exercício experimental surgiu de dois momentos. Um envolvendo o grupo Urbanidades-Intervenções - em uma deriva o graduando Pedro Mendonça interessado nas cores das casas foi provocado a testar em sua própria pele a receita de uma tinta verde artesanal - e outro de uma ideia da professora em trabalhar com altares.
A proposta inicial era fazer com que os integrantes do grupo compusessem imagens de uma mesa em ceia com todos os materiais e alimentos vermelhos e que formássemos uma imagem inspirados na Santa Ceia de Leonardo Da Vinci. (imagem 7)


Imagem retirada do site do Mulan Museu disponível em: http://www.milan-museum.com/br/ultima_ceia.php. Visto em 25.10.2014 ás 5h47
Aos componentes foi sugerido também um brinde. Ines indicou que usássemos referenciais bíblicos ou que construíssemos corporeidades e falas que remetessem aos sentimentos e situação vivida pela figura de Jesus Cristo e seus apóstolos na última ceia.
            A experiência mostrou-se muito potente, apenas faltaram os referenciais diretos e o exercício revelou pouco conhecimento sobre as passagens bíblicas que narram o acontecimento. Tais questões devem ser mais bem desenvolvidas nos próximos encontros.  A discussão que é realizada após todas as propostas não pôde acontecer devido ao horário avançado.

Luís Lebre

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E IMAGÉTICAS
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
Santa Ceia de Leonardo da Vinci disponível em: http://www.milan-museum.com/br/ultima_ceia.php. Visto em 25.10.2014 ás 5h47 
As fotos são de Matheus Correa.




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