Bem Vindo!

TRANSEUNTES

Criado em abril de 2012, o grupo de pesquisa"Transeuntes: Estudos sobre performance e Teatro performativo" foi formado a partir da necessidade de artistas em ampliar os estudos sobre as intervenções performáticas nas ruas. Em parceria entre Professores e Alunos do Curso de Teatro (COTEA) da UFSJ (Universidade Federal de São João Del Rei), o projeto consiste, entre outros pontos, em estudos teóricos sobre determinados autores que abordam o teatro nas ruas e em experimentações práticas que visam inserir o espectador transeunte na construção dos processos criativos, a partir das temáticas referentes às abordagens atuais. A pesquisa tem como principal objetivo investigar as propostas de estreitamento entre a cena contemporânea e o espectador transeunte nas ruas de São João Del-Rei, visando analisar a inserção do público como participante das ações performáticas, na busca de:

(...) Utilizar o ambiente urbano de maneira diferente das prescrições implícitas no projeto de quem o determinou; enfim, de dar-lhe [espectador-cidadão] a possibilidade de não assimilar, mas de reagir ativamente ao ambiente. (ARGAN, 1998, p. 219)

Os membros atuais do grupo Transeuntes são:

Professores - Ines Linke e Marcelo Rocco.

Alunos - Débora Trierweiler; Diego Souza; Diogo Rezende; Fernanda Junqueira; Gabriela Ferreira; Guilherme Soares; Halina Cordeiro; Henrique Chagas; Isabela Francisconi; Kauê Rocha; Nathan Marçal; Paula Fonseca; Rick Ribeiro; Tatiane Talita.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Imagens sacras


Em 2014, o Transeuntes começou uma nova pesquisa acerca da temática religião, tendo como entorno da exploração da fé, e a lucratividade a partir das igrejas. O projeto chamado 'Deus e fiel – Marca Registrada' teve como ponto de partida uma pesquisa realizada por cada integrante do grupo onde cada um executava um seminário ou em forma de cena, suas aspirações a respeito do tema. Feito isso, a pré-dramaturgia foi construída por Marcelo Rocco, o diretor do grupo.
A segunda etapa foram exercícios e divisões em núcleos para que pudéssemos apresentar propostas em forma de cena a partir da pré-dramaturgia instaurada. Como continuação das propostas, foi solicitado a cada integrante uma fotografia/imagem de um objeto que pudesse ser sagrado ou significativo para cada um, juntamente com uma pequena descrição. Essa imagem e o depoimento de cada um dos participantes cera utilizado para a criação de um vídeo como parte da pesquisa. Seguem as imagens e descrições dos integrantes:


Diogo Rezende:

O Santo Sudário: é um pano de linho que teria sido usado para cobrir Jesus após sua crucificação. Seu primeiro registro histórico data de 1354, quando ele foi entregue a uma igreja na França. Muito vem se discutindo sobre sua real autenticidade. Em 1898, descobriu-se no pano uma imagem em negativo de uma pessoa, e a partir daí muitos testes e análises foram feitas com o tecido, mas nenhum consenso chegou a ser formada sobre sua veracidade. A Igreja Católica se mantem neutra em relação à polêmica, afirmando, no entanto, a importância histórica indiscutível do tecido, mesmo que não seja verdadeiro.


Kaue Rocha

Para quem cresce em família extremamente religiosa, é difícil não acabar envolvido com tantas crenças. Ganhei essa imagem de Santo Ivo da minha vó, que disse estar faltando um santo na minha casa em São João e que Santo Ivo era padroeiro dos universitários. Na verdade, Santo Ivo é padroeiro dos advogados e o que tenho em casa é só mais uma imagem. Porém, a convicção de vovó ao me dar o presente e a fé que ela deposita no santo pra me proteger me fazem acreditar nele. É algo sacro que tenho como especial.



Filipi Diaz
Guia- Há várias denominações sobre essa guia (colar) mais conheço como Guia de 7 Forças, que carrega símbolos de Orixás, e tem pra mim, a função de proteção e equilíbrio espiritual!
Foi e é importante para vários momentos da minha caminhada!



Tatiane de Jesus
Com certeza o objeto religioso de extrema importância na minha vida é a Nossa Senhora Aparecida, pois por uma milagre grandioso dela, eu estou viva hoje, haha brincadeira ( talvez, Não sei ) em fim, essa imagem esteve presente desde que eu me conheço por gente, então ele tem um grande significado, pois na minha infância eu tinha muito medo de fantasmas, então eu criei um pequeno presépio e tinha varias imagens dela, a imagem me fez me sentir protegida por muitos anos.



Bruno Resi
Pra quem foi criado em um lar totalmente católico, imagens, quadros e novenas não poderia faltar. Recentemente não tenho um apego forte em algum objeto, mas um quadro marcou uma época em minha vida. Santa Cecília, Por ser padroeira dos músicos eu tinha uma ligação muito forte a este quadro."Santa Cecília é a santa da Igreja Católica que mais tem basílicas em Roma (nenhuma outra santa conseguiu tal feito) e é uma das santas mais veneradas da Idade Média, além de ser a primeira santa encontrada com corpo incorrupto, no ano de 1599, mesmo depois de tantos séculos."





Fernanda Junqueira

Essa é uma imagem que esteve presente na minha vida desde que nasci. Se encontra na sala da casa da minha avó e é a primeira coisa que todos notam quando chegam lá, fica bem de frente para a porta de entrada. Para mim sempre passou uma ideia de controle. Sempre me senti vigiada por ele e, de certa forma, um pouco desconfortável também. Acho que sempre foi um objeto sacro com bastante destaque na minha vida.




Iolanda de Lourdes

Estou postando esse estandarte por que minha relação com religião tem muito a ver com minha avó. Uma coisa que ela fazia e que eu ficava atrás dela aprendendo é costurar. Daí desde muito nova já estava sempre costurando coisas e ela era muito religiosa. Então eu cresci fazendo coisas de costura. Logo eu gostava muitíssimo de folia de reis então quando vi seus grandes estandartes, logo comecei a costurar pequenos estandartes. Isso tinha muito a ver com a religião que minha avó me ensinara e suas costuras. Acho que é o que me deixa mais próxima à minha vida/religião é os estandartes que confecciono. Tenho muito apreço pela representatividade do barroco dentro da religião e acho que culturalmente é muito rica a criatividade das pessoas ligadas à arte dentro da igreja. Esse estandarte da foto fiz a 3 ou 4 anos atrás.




Gabriela Lucenti
Essa é a foto da imagem da santa que eu gosto. Não sei muito sobre a história dessa santa, mas essa imagem chama minha atenção por que essa santa não está com cara de sofrimento, como normalmente estão. E ela usa adornos grandes, como os brincos e os terços. Para mim, faz muita referência a entidades de religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda.
Essa foto não foi tirada por mim, foi encontrada nesse site:
http://www.ufsj.edu.br/…/coloniais/Nossa%20senhora%20do%20R…
É da Nossa Senhora do Rosário, igreja que fica em frente ao solar dos neves, no centro histórico.

Posto, ainda, um "sei lá o que" (rs!), que foi presente do Zil pra mim. Nunca joguei búzios, então não sei com quais orixás sou relacionada, mas sempre me falam que tenho ligação com as águas. Por isso gosto dessa segunda imagem.
Pode usar isso que eu disse a vontade! Beijinho beijinho, tchau tchau.
Ps: postei só entidades femininas por questão de identificação mesmo.




quinta-feira, 16 de abril de 2015

Terra Comunal - Marina Abramović

Terra Comunal - Marina Abramović
(texto retirado de http://terracomunal.sescsp.org.br/marina-abramovic/marina-abramovic)

A exposição retrospectiva Terra Comunal - Marina Abramović apresenta um conjunto de obras de Marina Abramović, de instalações e objetos a vídeos e registros documentais. Concentrando-se em uma série de obras que promovem a galeria como espaço para encontros possíveis, a exposição toma como premissa a relação entre as proposições artísticas e a recepção pelo público. As obras apresentadas foram marcos fundamentais na carreira de Abramović e intrínsecas à criação do Marina Abramović Institute – MAI. Ao longo da última década, Marina Abramović apresentou três performances seminais: The House with the Ocean View [A Casa com Vis- ta para o Mar] (2002), The Artist Is Present [A Artista Está Presente] (2010) e 512 Hours [512 Horas] (2014). Embora a artista tenha considerado o público como um corpo ativo desde o início da década de 1970, essas obras foram catalisadoras de uma virada na prática artística de Abramović: uma mudança na posição do público dentro de seu trabalho. Durante The House with the Ocean View, um contato visual direto entre performer e espectador foi estabelecido; em The Artist Is Present, o público foi posicionado sem hierarquia em relação à artista; e, mais tarde, em 512 Hours, o público tornou-se literalmente o corpo ativo da performance.

Os Transitory Objects for Human Use [Objetos Transitórios para Uso Humano] foram criados entre os anos 1990 e o final dos anos 2000. Esses objetos apresentam a introdução do processo dentro da prática de Marina Abramović, no qual ela convida o público a interagir com os objetos de acordo com suas instruções. Consequentemente, cada participante se conecta com a proposta da artista por meio de sua própria experiência pessoal. Isto requer que o público se mova num ritmo diferente, criando um distanciamento em relação à experiência usual dos espaços de arte ou mesmo da vida cotidiana. Leva tempo para permitir-se sentir a energia do espaço. Esses objetos, em sua maioria, são feitos inteiramente de – ou contêm – cristais, irradiadores pontuais de energia.

Um conjunto de vídeos apresenta o registro de performances de Abramović e disponibiliza um raro material de arquivo. Marina Abramović sempre gravou suas performances com o intuito de democratizar sua obra e tornar esses eventos efêmeros acessíveis ao público. Buscando uma maneira de mostrar fielmente os efeitos da duração numa performance, a artista desenvolveu um exercício constante de tentativa e erro na busca por proporcionar uma nova experiência performática através do vídeo.

Essa exposição apresenta Video Portrait Gallery [Galeria de Retratos em Vídeo], uma instalação de vídeo com catorze monitores monocanal e uma seleção de vídeos históricos que incluem suas primeiras obras da década de 1970, uma série de colaborações com seu parceiro Ulay Lay- siepen nos anos 1980, com destaque para The Lovers: Great Wall Walk [Os Amantes: Caminhada na Grande Muralha], e uma obra solo posterior. Uma prática artística que é aberta à variação, ao acaso e à diversidade vem sendo construída progressivamente por Abramović. A tentativa de viver o momento presente, o aqui-agora, é um foco claro que perpassa todas as obras apresentadas na exposição.

O grupo Transeuntes foi até o Sesc conferir e expuseram sua opinião à respeito da Mostra Comunal:
MARCELO ROCCO:
Marina Abramovic, tornou-se símbolo da performance no que concerne aos limites do corpo, à exaustão, à dilatação do tempo. Em tempos de uma sociedade de consumo em que os compartilhamentos entre as pessoas são feitos pelas aquisições de compra ou pelo poder de venda, as experimentações artísticas para além dos produtos pré-fabricados, geram outras possibilidades de identificações dos cidadãos com seus locais de origem, de passagem e de vivência. Isto salienta dispositivos de mudança e de renovação de olhares sobre a urbe (BAUMAN, 2001).

Neste sentido, e entre outras opções, a experiência passa a ser vista como uma rede simbólica de feituras que andam além dos hábitos cotidianos, cujas representações de uso são feitas pelos compartilhadores de uma vivência, e não por uma demanda pensada anteriormente às suas vontades, sem critérios claramente democráticos.

Desse modo, o tempo dilatado em uma cidade como São Paulo cria um sinal de escuta, uma parada na rotina cotidiana para um olhar interno, sincero, simples. Uma experiência que está se esgotando, uma vez que até os momentos de lazer são pasteurizados, uma vez que o silêncio está associado ao sono, ao leito, às reproduções televisivas.

A experiência em grupo, vista no tempo dilatado e no tempo presente, possibilita a formação de outros olhares sobre as coisas compartilhadas, articulando processos de feitura, além do viés de consumidores. Produzir experiências nos transforma em coprodutores de uma cultura, de maneira comunal, ou des-comunal, quando nos referimos às relações superficiais que se assustam com estes novos olhares.

Instaurar a presença como materialidade da obra, substituindo outras materialidades, tais como um quadro, é um exemplo ferrenho que a performer trás, pois ela valoriza mais a presentificação do ator que a narrativa tradicionalesca. Assim, quem quiser um desnudamento, uma troca de presenças, um encontro em silêncio, verá o artista presente, no sentido grotowskiano de desnudamento e exaustão.

Porém, muitos buscaram a performer como um sentido de status cotidiano. Colocaram-na no lugar de uma pop star (não que ela não pareça gostar), mas retiraram a sua essência de encontro para uma possibilidade de ver as excentricidades. Isto ficava claro durante a palestra, em que o cunho das perguntas do público era pautado em sua vida pessoal: “você tem medo de quê?”, “O que é a moda para você”?, “Mulher ou mito”? “Dá um dica, vai”?, “e a Lady Gaga?”

Estas sobreposições de perguntas não parecem valorizar 40 anos de trabalho, nem revelar as camadas de sua potência criativa, mas mostrar se por trás daquela artista, há um ser humano, quase um “mapa das estrelas hollywoodianas”, numa lógica de “calçada da fama”, que não parece ser o lugar.

E a performance? E o limite? Isto não parecia definitivamente, interessar. O que mostra algo maior, não apenas que o sentido da pergunta se modificou, mas que o interesse do espectador também. O que revela o poder gigantesco da massificação.

Em uma entrevista, Elis Regina disse (na década de 70) que se via cantarolando músicas que em outrora nunca faria, músicas sendo levadas a sério, quando na verdade, deveriam ser ouvidas apenas no carnaval, como uma brincadeira.

Hoje vemos que isto ampliou, e muito. E esta “brincadeira” está cada vez mais sendo levada a sério, e as perguntas que a Xuxa fazia aos seus convidados, tais como “você faz xixi agachada no ralinho do banheiro?”, está cada vez mais democratizada, expandida, hoje ao alcance de todos, porque não há nada mais democrático que a mediocridade televisiva sendo levada a todos os sabores e gostos para o restante da população. O artista precisa ter status de celebridade, caso contrário, não será levado a sério.

DIEGO SOUZA:
 A mostra Terra Comunal, para mim, foi de grande importância. A partir de algumas pesquisas sobre Marina Abramovic, pude conhecer e entender mais sobre seus trabalhos e a visita à mostra, fez com que eu pudesse aprofundar nesse universo Abramovic.
Participar de seu método foi, sem dúvidas, uma experiência única, onde pude concentrar-me em mim mesmo, sem prestar atenção em nada além do meu interior. O mais engraçado é que a duração do método foi de duas horas e, no início, achei que ficaria entediado e não conseguiria ficar até o final, porém, ao me entregar aos “exercícios” propostos esse tempo passou voando.
Um dos tópicos mais importantes a ser observado é como o artista e o público fazem parte da obra, sendo partes fundamentais da mesma.

IOLANDA DE LOURDES:
Iolanda De Lourdes Eu achei produtiva nossa ida até São Paulo pra ver a Mostra COMUNUAL por que Marina Abramovich é uma figura emblemática na performance. Seus videos já havia visto pela internet ou mesmo em outra exposição. O método que acho que não corrresponde a um método mas a uma perfomance coletiva, me fez pensar por dois lados: um deles e que conseguimos realmente para a vida rápida coditiana e durante duas horas gastamos o tempo fazendo 'nada'. O que atualmente isso se torna praticamente impossivel tendo em vista que a produção/ação está ligada ao nosso desempenho de vida. O segundoponto é que já que a Marina se preocupa tanto com o mistisismo de sua performance, não vi um certo cuidado com seus cristais incrustados nos objetos do método. Minimamente, alguém que concenhe e trabalha com cristais, sabe que eles precisam de um cuidado especial ao passar de pessoa para pessoa. Pois as energias no mesmo se muta e se limita de acordo com o contato que tem com pessoas e natureza. Quanto à palestra que ela deu, ficou muito a desejar pois mostrou muitos videos e não aprofundou em nenhum deles. A maioria das perguntas do publico foram extremamente pessoais, direcionadas à vida pessoal da artista deixando o tema 'perfomance' a desejar. A conclusão que ficou é que Marina Abramovich se limitou à sua 'grande presença' e apesar de realmente suas perfomances terem sido um marco na historia da arte, ela foi absorvida pela mídia e pelos valores padrões sociais. Acho que perdeu a força que tinha quando jovem. Agora está mais interessada em seu próprio nome do que em sua arte.

EDDER CARDOSO:
 Já conhecia algumas performances da Marina Abramovic através de vídeos e quando cheguei ao SESC não tinha ainda percebido que se tratava da mesma artista. E até então ainda pairava uma nuvem de intensa reflexão sobre o objetivo da sua arte, mas sem conseguir chegar em nenhuma conclusão.

Ao chegar ao momento do Método Abramovic, me veio ainda maior dúvida sobre o papel da arte, já que o que estávamos fazendo era fechar os olhos, nos aproximar de cristais e respirar. Por momentos me pareceu que aquilo se tratava de algum método terapêutico ou de preparação para alguma ideia de produção artística. Enfim notei que em todo momento a minha grande dúvida era a de como encarar a ideia de arte, o que é uma discussão que já passei há muito tempo e tive que passar de novo agora sobre novas perspectivas.

Em algum vídeo em exposição no SESC a artista falava uma frase como: às vezes o mais difícil de enxergar é o nada. E com isso eu comecei a realizar que minha maneira de olhar poderia ser feita com menos expectativa e menor reflexão.

Mas ao perceber o exercício de arte como algo no campo do real tive que aceitar que não apenas as perturbações psicológicas poderiam ser usadas em um experimento, mas também as físicas. O confronto do cênico com o real parece abrir possibilidades para uma nova compreensão, mas ainda pouco hábil para mim. Não me escapa a ideia ainda de que outras pessoas ao tentarem produzir algo nesse campo façam coisas muito muito naif.

Ao chegar o momento da palestra eu pré-julguei o ambiente e as pessoas e me senti super inferior em relação à compreensão artística me comparando as pessoas ao redor, ainda mais sobre as visuais ou performáticas, já que gastei grande parte dos meus estudos artísticos em assuntos de música. Com o tempo percebi que havia uma aura de endeusamento do público para com a artista e de pessoas que forçavam demonstrar compreensão maior do que se havia de existir, e me veio um sentimento de incômodo que foi muito, mas muito acentuado ao ver a plateia usando o tempo de fazer perguntas para se informar sobre a vida da artista, e não sobre o seu trabalho.

A ideia ou pelo menos a intenção de utilizar a arte tida como performance faz parte das minhas ambições hoje como pesquisador e executor de arte, e meu olhar sobre execuções artísticas agora tem uma abrangência muito maior o que me vai possibilitar agir com maior destreza na apresentação de conteúdos e alcance dos seus resultados.

SABRINA MENDES:
1.MÉTODO ABRAMOVIC
Quanto ao método da Abramovic, talvez seja interessante trabalharmos este “tempo mais lento” em alguma cena do Deus é fiel (sugiro o momento em que carregam o deus morto). Isso pode chamar a atenção do público devido a mudança brusca de um tempo acelerado para um tempo lento, além de ser uma boa prática aos atores que dificilmente trabalham a ação desacelerada. Acredito que em cena os extremos e as suas nuances tendem a enriquecer o trabalho (na voz-corpo, na iluminação, no cenário, no figurino etc).
FILIPI DIAZ:
Não sei dizer muita coisa pois não conheço o trabalho da Marina Abramović, mas gostei do que foi exposto, me impressionou a concentração exigida nas performances, a confiança dos trabalhos, o exagero físico algumas vezes apresentado (quase sempre), a presença da artista, sua entrega, enfim muitas coisas foram interessantes. Também há algumas coisas que me intrigam, que é sobre o método, não falo da sua originalidade pois não sou capaz de julgar isso, mas da sua aplicação como arte. As vezes encontrava sentido em algumas coisas e outras não... mas talvez possa ser esse o objetivo? Participei com muita vontade do método e achei super difícil me desligar, não sou do tipo; fica quieto, mas o exercício provocou sensações que ainda não haviam sido despertadas no meu corpo e nem na minha mente e isso me chamou muita a atenção. Através desse desencadear creio que posso explorar mais alguns sentidos do meu corpo para desenvolver um trabalho artístico mais crescente e desenvolver técnicas para um trabalho cênico. Foi uma boa experiência!

DIOGO REZENDE:
 Minha experiência com a Mostra Descomunal foi bem interessante! Também nunca havia ouvido falar da Marina antes, mas achei muito interessante o seu trabalho quando fui dar umas pesquisadas, e fiquei satisfeito com a palestra dela e dos assuntos que ela abordou (que ELA abordou, não os da maioria daquelas perguntas). O Método também achei interessante, mas confesso que, tirando eu quase ter dormido na hora de deitar, não senti nada de muito diferente com aqueles cristais.

TATIANE DE JESUS:
Achei legal a mostra, não conhecia nada da Marina, achei bacana ela usar quase sempre imagens fortes e uma temática ligada ao sexo e aos limites do corpo, apesar de eu achar que algumas coisas não tenham sentido algum. Em relação ao Método, achei legal, que todos tivessem que se sujeitar a 30 minutos de pausa em cada espaço diferente, foi bom pelo tempo mesmo, porque estamos numa década onde ninguém para por um longo tempo, mas não vi sentindo nos cristais, e o que senti apenas foi uma paz, mas creio que estava ligado ao fone de ouvido, não pelo efeito dos cristais.

HALINA CORDEIRO:
Achei nossa viagem bastante produtiva! Antes não entendia o trabalho da Abramovic, mas poder ver pessoalmente pelo menos uma parte de tudo o que ela já fez foi esclarecedor. Algumas coisas ainda não fazem muito sentido pra mim, como o uso dos cristais e outros objetos... Mas o Método foi importante para a percepção do corpo no espaço. Foi também uma boa experiência porque alguns, como eu, acabaram de entrar no grupo e já tivemos uma oportunidade como essa. Acredito que tenha sido bem positivo para todos!

KAUÊ ROCHA:
Tive meu primeiro contato com Marina Abramovic quando foi avisada a viagem para a Mostra. Realmente nunca tinha ouvido falar dela, e foi então que pesquisei e conheci mais sobre as performances. A viagem a Sampa e a participação no Método Abramovic só me fizeram admirar mais o trabalho dela. Ver fotos e vídeos na Internet despertavam curiosidade, mas estar num ambiente totalmente dedicado à ela e participar de algo elaborado por ela criaram novas sensações. Para mim, foi uma grande experiência. Conheci o trabalho da Marina, descobri mais sobre a essência da performance e entendi mais o grupo.


FERNANDA JUNQUEIRA:

 Conheci o trabalho da Marina um pouco antes de viajar. Pesquisei um pouco sobre as performances dela também e me interessei bastante. Achei a mostra muito interessante. Porém acabei dando mais atenção às performances antigas que estavam em vídeo do que às que estavam sendo apresentadas no local, por achá-las mais intrigantes. Quanto ao método, não aproveitei muito bem por falta desse controle da mente sobre o corpo, mas achei muito interessante e tive várias dúvidas também como, por exemplo, a questão dos cristais. No mais, achei que foi uma experiência muito produtiva.