Sobre o procedimento “A FESTA”,
A ação decorreu em meio à
previsão de chuva e à desorganização no trânsito.
Aos poucos os convidados foram
chegando, estabelecendo o primeiro problema: “de quem seria a festa?” Elegemos
a socialite Erika Camila pelo seu vestido longo. A Anfitriã tomou para si toda
a tarefa de abrir a sua mansão, no caso a rua, os espaços públicos, tudo que
era seu, tudo que deveria ser nosso, mas acaba sendo apenas um lugar de
passagem. Usamos os espaços diariamente? Ou temos o tecido urbano apenas como
um corre corre diário?
Quando eu vi a fonte, percebi que era mais um
lugar de contemplação que de uso (mau uso), pois a fonte, o coreto são utilizados
apenas para a contemplação passiva do espectador e nos festivais do ano, o
coreto é sinônimo de um quadro renascentista, pois podemos olhar, mas será que
podemos tocar??
Não, até que pode ser nos comícios, festas
,carnaval, mas diariamente, não somos convidados a usar os espaços.
Começa a chuva. Chuva não
convidada, mas acoplada aos procedimentos. Tudo foi absorvido. O transeunte não
entendia bem o que estava acontecendo, nem nós. Apenas seguíamos o fluxo, e
como local de ação, deixávamos ir. Percebi que os cartazes não fizeram tanto
efeito quanto os chup chups de gesso, graças à santa Ines de Calcutá.
Os escritos no chão iam dando
sentido à ressignificação do espaço: o posto virou SAUNA, a rodoviária CASSINO:
“rodoviária- uma monumento
erguido em homenagem às pessoas que não têm carro” (pobres mesmo),
bendita socialite Erika que, em
meio ao seu trabalho na ONG que ajuda
as adolescentes com acne, reservou seu tempo para conhecer onde fica
estes seres folclóricos chamados POVÃO. Percebo ai que os escritos no chão são
potentes, mas poucas pessoas escrevem nele, acredito que a ação ficaria mais
forte deixando os rastros (como sugere Ines) no chão, os rastros da nossa
trajetória.
É realizado o LEILÃO, ponto forte
do jogo cênico: leiloamos taças, bolsas, e posteriormente, a empregada, que foi
vendida por um salário mínimo, uma cesta básica e um chocotone no natal.
Bendito Luis, sempre agradando aos pobres, acredito que tenha copiado esta
ideia do MALUF quando dava o VALE LEITE EM PÓ nas escolas para as crianças que
não faltassem às aulas, e até o VALE GÁS.
Como diria Bruno Siqueira,
continuamos o SAFARI para conhecermos onde os pobres moram e o que fazem, seres
exóticos para nós: NUNCA ANDEI NUM ONIBUS, disse Luis. Ele achou emocionante,
pois treme mais que montanha russa. Outro ponto forte: as pessoas que desciam
se transformavam em celebridades, recebidas com fotos por parte dos fotógrafos,
faltaram os flashs para aumentar esta sensação de CELEBRIDADE INSTANTANEA.
Fomos para a PONTE DOS DESEJOS: “de hoje em diante eu quero boas noticias,
só me conte boas noticias” (frase citada por mim, extraída da nossa filosofa
XUXA MENEGUEL, que prefere ouvir boas novas que a realidade, afinal, ela pode,
ela (f) ode.)
Fomos até a BOATE (PONTO FRIO) E
PERCEBEMOS QUE AO INVES DE CRITICAR O LUGAR estávamos fazendo propaganda
gratuita, ai que medo: (Cuma?! Diria outro filosofo Didi Mocó, na época dos
Trapalhões, quando os outros o ajudavam a ser engraçado).
Finalizamos com um brinde,
molhados, lavados, satisfeitos, com muitos erros e materiais no bolso!