Bem Vindo!

TRANSEUNTES

Criado em abril de 2012, o grupo de pesquisa"Transeuntes: Estudos sobre performance e Teatro performativo" foi formado a partir da necessidade de artistas em ampliar os estudos sobre as intervenções performáticas nas ruas. Em parceria entre Professores e Alunos do Curso de Teatro (COTEA) da UFSJ (Universidade Federal de São João Del Rei), o projeto consiste, entre outros pontos, em estudos teóricos sobre determinados autores que abordam o teatro nas ruas e em experimentações práticas que visam inserir o espectador transeunte na construção dos processos criativos, a partir das temáticas referentes às abordagens atuais. A pesquisa tem como principal objetivo investigar as propostas de estreitamento entre a cena contemporânea e o espectador transeunte nas ruas de São João Del-Rei, visando analisar a inserção do público como participante das ações performáticas, na busca de:

(...) Utilizar o ambiente urbano de maneira diferente das prescrições implícitas no projeto de quem o determinou; enfim, de dar-lhe [espectador-cidadão] a possibilidade de não assimilar, mas de reagir ativamente ao ambiente. (ARGAN, 1998, p. 219)

Os membros atuais do grupo Transeuntes são:

Professores - Ines Linke e Marcelo Rocco.

Alunos - Débora Trierweiler; Diego Souza; Diogo Rezende; Fernanda Junqueira; Gabriela Ferreira; Guilherme Soares; Halina Cordeiro; Henrique Chagas; Isabela Francisconi; Kauê Rocha; Nathan Marçal; Paula Fonseca; Rick Ribeiro; Tatiane Talita.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

SÉRIE DE ENTREVISTAS COM OS PESQUISADORES DO GRUPO TRANSEUNTES

PERGUNTAS
• QUAL O PERÍODO DE SUA ENTRADA NO GRUPO?
• QUAL (QUAIS) A(S) MOTIVAÇÃO (MOTIVAÇÕES) INICIAL (INICIAIS) QUE LEVOU VOCÊ A PARTICIPAR DO AGRUPAMENTO?
• SOBRE O FORMATO DAS REUNIÕES, ACERCA DAS DISCUSSÕES TEXTUAIS, PREPARAÇÃO PARA AS AÇÕES, ETC., COMO VOCÊ CONSIDERA A SUA PARTICIPAÇÃO? PODERIA PONDERAR? OU SEJA, COMO VOCÊ SE VÊ E SE MOVE DENTRO DO GRUPO?
• FALE UM POUCO SOBRE AS LINHAS DE PESQUISA QUE VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES DENTRO DO TRANSEUNTES, CONSIDERANDO TAMBÉM OS EIXOS DE INTERVENÇÃO URBANA, AS LINHAS TEMÁTICAS ACERCA DO FEMINISMO, GÊNERO, ENTRE OUTRAS. (FALE LIVREMENTE).
• SOBRE OS PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS QUE O TRANSEUNTES REALIZA NAS RUAS E EM DEMAIS ESPAÇOS PÚBLICOS, COMO VOCÊ PERCEBE A PARTICIPAÇÃO DOS PASSANTES? COMO O TRANSEUNTES AFETA A CIDADE A PARTIR DE PEQUENAS FISSURAS, AÇÕES EFÊMERAS, ETC.?
• FALE UM POUCO SOBRE A SUA PARTICIPAÇÃO NOS PROJETOS ATUAIS E AS REVERBERAÇÕES NO GRUPO .

DIOGO BRITO REZENDE
• 1º período (2015-1)
• Entrei para o grupo principalmente porque queria fazer parte e conhecer melhor algum projeto de extensão/pesquisa, e meus amigos mais próximos todos iam participar.
• Sei que não me coloco muito nas discussões – o que estou tentando mudar –, mas sempre busquei participar de todos os exercícios e ações propostas.
• Acho importantes principalmente as linhas de pesquisa ligadas à pressão social e ao poder que a sociedade tem sobre todos nós (desde da sociedade familiar até a global), em todos os âmbitos (mídia, religião, política, sexualidade, feminismo...), o que engloba os assuntos levantados tanto no Morra quanto no Deus é Fiel. E acho que seria muito interessante continuarmos nessa linha.
• Como fazemos teatro de rua performativo (se eu estiver errado, por favor me corrija), é mais o do que natural – e essencial – a participação dos transeuntes nessa experiência – o teatro só existe porque há essa conexão em tempo real entre os atores e o público (no nosso caso, os transeuntes). Acredito que o Transeuntes, de uma maneira ou de outra, acaba – seja por suas intervenções, performances ou espetáculos –, mesmo que minimamente, por afetar a cidade e seus habitantes. Toda ação, por menor que seja, tem uma consequência, e as nossas não são diferentes.
• Como disse anteriormente, tenho consciência que não me coloco muito nas discussões do grupo, e que estou tentando mudar, mas acredito que contribuí de certa forma para o espetáculo Deus é Fiel, principalmente – e isso é algo que me alegra – na “remontagem” do espetáculo, quando reorganizamos as cenas. Vou continuar tentando ajudar sempre no que eu sentir que posso melhor contribuir, e fico mais do que feliz em ficar a cargo, no ano que vem, de gravar nosso processo de construção do novo espetáculo para depois montar um vídeo.
DIEGO MACHADO
• Participo do grupo desde março de 2015.
• A necessidade de discutir e debater diversos temas que, de alguma forma, se relacionam com questões pessoais minhas, me incomodam e/ou provocam alguma curiosidade.
• Acredito que, em geral, minha participação foi positiva. Tentei me esforçar o máximo possível para desenvolver os exercícios propostos (mesmo não gostando de todos) e realizando as leituras necessárias para as discussões, para as quais tenho me esforçado bastante para aumentar minha contribuição.
• Acredito que todos os temas estudados pelo Transeuntes são de extrema importância, estão em evidência na sociedade, gritando por atenção. Em minha percepção, os temas que melhor foram discutidos pelo Transeuntes no último ano foram a arrecadação de lucro pela fé e a intolerância religiosa, porém sem deixar de abordar, mesmo que de forma superficial,  vários outros temas importantes.
• É muito perceptível um grande estranhamento nos transeuntes ao se depararem com atividades e ações tão diferentes do comum. Vejo este estranhamento como um aspecto muito positivo, pois a partir dele, muitas vezes, o transeunte é provocado a enxergar determinada coisa que até então não era vista (percebida) ou até mesmo a refletir sobre determinado assunto ou situação. Acredito que todas as ações afetam o olhar sobre a cidade, pois evidencia aquilo que muitas vezes não é evidente a quem “se acostuma”.
• Vejo a minha participação como algo mais importante para o meu crescimento pessoal e profissional do que para o grupo em si. Neste último ano, tudo foi novidade, logo, pude aprender mais do que contribuir.
Estar no grupo foi fundamental para que eu pudesse discutir questões que me incomodam e que nos cercam a todo momento. Talvez ai esteja uma das maiores importâncias pra mim, pois esta discussão não fica apenas na forma verbal, se transforma em imagens, em corpos e em ações, me fazem refletir e me trazem satisfação, por unir um tema que me incomoda com algo que me dá tanto prazer (teatro).
IOLANDA DE LOURDES
• Novembro de 2013.
• Sempre via algumas ações acontecendo na rua e isso me despertou interesse.
• Para mim, o grupo Transeuntes foi a coisa mais importante que fiz dentro da faculdade. Então minha dedicação foi máxima para as leituras e as discussões. Hoje os textos fazem parte do meu histórico de vida e pretendo seguir este caminho depois que me formar.
• O Transeuntes trabalha diretamente com as questões sociais na qual estamos todos envolvidos e de uma maneira muito direta e próxima já que suas ações e apresentações se encontram todas na rua para um publico acidental. Um publico que nem sempre ou nunca tem a oportunidade de ir ao teatro. Seja por questões culturais ou financeiras. Então o Transeuntes se coloca de forma democrática quando realiza suas ações, intervenções, do processo e espetáculo final.
• As questões da atualidade estão principalmente em torno do comportamento do corpo que deve obrigação a algo ou alguém sendo estes: estado ou religião.
• Os temas escolhidos pelas duas encenações que realizadas: MORRA! e DEUS E FIEL são reflexos da sociedade doente por consumo e domínio do corpo.
• O Transeuntes faz da rua sua ferramenta de trabalho. As leituras dos textos na rua, as ações propostas pelos integrantes na rua que dialogam diretamente com os transeuntes. Sejam esses olhando ou dialogando com o performer. Assim, o texto dramaturgo se constrói a partir desse dialogo entre publico e performer. Podemos dizer que o publico ajuda a construir a encenação final e ainda modifica - a quando ela e apresentada, pois o dialogo continua nessa apresentação (considerada aberta).
• Quanto ao espaço físico, o grupo trabalha seus corpos na rua utilizando-se  desses lugares despercebidos que servem de suporte de passagem. Trabalhados, eles têm outro significado a partir de sua manipulação diferenciada. Não e mais possível o publico/transeuntes não perceber tal espaço depois de sua (Re)utilização. 
• Atualmente, estou com a pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso então minha atenção esta inteiramente voltada para o mesmo. Mas o grupo me afeta diretamente pelo que trabalhei dentro dele. Minha investigação atual esta intrinsecamente ligada a rua e o tipo de encenação escolhida por mim, permeia o teatro performativo que e trabalhado no grupo Transeuntes. Meus textos atuais estão se encontrando com os textos do grupo. Através do grupo me interessei mais que nunca pelas questões politicas e sociais e assim pretendo continuar.
KAUE ROCHA
• Entrei no meu primeiro período, em março de 2015.
• Na primeira semana de aula, o Transeuntes foi apresentado em uma aula de exposição dos projetos do curso de Teatro. Nunca tinha tido contato com performance, e isso me interessou muito em participar do grupo. A fala sobre a temática do espetáculo MORRA - MAS ANTES APROVEITE NOSSAS LIQUIDAÇÕES feita na aula também me levou a procurar o grupo, pois gostei do tema trabalho, sabendo que um novo espetáculo com uma boa temática estaria sendo trabalhado.
• Acredito que tenho mais facilidade nos momentos de discussão teórica. Como disse na segunda questão, tive com o Transeuntes meu primeiro contato e experiências com a performance. Através dos textos, pude conhecer ainda mais, e debatê-los nas reuniões foi de extrema importância, pois através dos fluxos de ideias e considerações conseguia aprender mais. Também sempre me coloquei nas preparações para as ações; porém, de modo mais tímido, discreto, talvez por não ter tanta experiência.
• Gosto de nosso contato com a rua, com o transeunte. É muito forte para mim ir até o espaço urbano e ressignificá-lo, tirar dele novas impressões, funções. Tirar o teatro de espaços institucionalizados e usar da cidade para fazê-lo. Atrair os passantes, pará-los de seu percurso para observar. Adentrar espaços acadêmicos, por muitas vezes engessados pela burocracia e tomado por cabeças preconceituosas, e ali criar.
• Tomando como ponto de observação as atividades realizadas no Centro da cidade, acredito que o transeunte é tímido, mas extremamente curioso. Ele tem pouca coragem de chegar mais perto, ter um contato maior, mas fará de tudo parar observar cada detalhe das ações. O Transeuntes usa a cidade, a deixa viva, móvel, forte. Praças pacatas tornam-se palco de movimentos, ações. E isso afeta o transeunte, que enxerga aquele local de outra forma, não apenas um trilho de passagem.
• Participo também do Murundum, grupo de dança contemporânea, e aplico muito no Transeuntes a força do corpo do dançarino nas ações que fazemos. Cuido do espaço negativo e desenho meus movimentos no espaço.
• Qual a importância das reuniões mais teóricas, com a leitura de textos prévios como alimento (ou não) das práticas? Ou seja, as reuniões teóricas, bem como os textos, alimentam as ações práticas? Por quê?
• A teoria alimenta a prática, isso é fato. Ao estudarmos autores consagrados, puxamos esse conteúdo de ideias para nós. Pensamos nas atividades que já foram realizadas em outros países e consideramos fazê-las. A leitura é muito importante. Acho que o que disse na questão 3 cabe aqui.
LUIS FIRMATO
• Estou no grupo desde o primeiro semestre de 2012, quando da primeira reunião até o dia primeiro de dezembro de 2015
• Me interessei principalmente pelo caráter subversivo do grupo. Suas temáticas que incluíam os desejos e questões pessoais, além da pesquisa de linguagem da performance.
• Acredito que contribuía de modo satisfatório. Sempre procurei relacionar as leituras indicadas com outros textos e experiências pessoais fazendo conexões que de algum modo contribuíssem com a leitura, inclusive indicando outras leituras provocadas pelas discussões. Quanto as ações tentei durante todo o período que estive ligado ao grupo corresponder com as ações propostas pelos outros pesquisadores assim como propor ações. Em nossas conversas procurei sempre apontar as fragilidades dos trabalhos realizados apontando possíveis modificações e reestruturações que ajudassem a valorizar, assim como ouvia as considerações a partir das minhas propostas modificando-as. 
• O Transeuntes talvez seja o único grupo de pesquisa da UFSJ que de fato trabalho no âmbito da cidade de maneira efetiva. Nem mesmo os grupos do curso de Arquitetura o fazem tão verticalmente. Visitamos mais de 30 bairros em SJDR e conhecemos diferentes modos de ver e viver a cidade. 

Os temas ligados ao feminismo, discussões de gênero, crítica ao consumismo e a relação entre o corpo e a cidade são explorados cotidianamente na prática do grupo e em seus modos de relação. Diversas discussões sobre esses temas vão além da pesquisa e leitura de textos. Surgem nas intervenções e ações na rua, nas discussões e debates do próprio grupo, que por englobar estudantes de diversas realidades e experiências diferentes consegue enriquecer suas conversas e pesquisa com distintos pontos de vista. 
• São João del-Rei é uma cidade que comporta uma realidade cotidiana atrelada a seu passado histórico principalmente em suas construções monumentais ligadas à igreja católica. Qualquer uso distinto oferece estranhamento e ocorrem tentativas de diluição. As ações dos Transeuntes operam então em um lugar de grande destaque já que oferece novos modos de ver e usar o tecido urbano. Se não é possível nem tão pouco desejável desestruturar os usos vigentes, oferecemos a oportunidade de experimentação distinta das estabelecidas muitas vezes dando visibilidade à práticas e narrativas excluídas dos modos oficiais de conservação e legitimação da cidade.
• Acredito que minha presença no Transeuntes tenha sido definitiva para minha formação. Foi neste grupo que experimentei de fato o corpo na rua, a relação com a performance e a perfomatividade e onde de fato vivi processos. Amadureci junto ao grupo ao mesmo tempo que amadurecia dentro da graduação. Onde um lugar alimentava o outro em uma troca frutífera. Podia experimentar no grupo Transeuntes experiências das aulas, textos e discussões. E levava para as aulas e outros projetos as experiências que vivia no grupo. Poucos são os lugares onde se pode experienciar a vida profissional como neste grupo. Por meio das viagens e apresentações pudemos vivenciar diversas situações muito próximas  das vividas no meio profissional. 
Acredito também que pude utilizar o grupo como um lugar para exploração de diversas práticas vividas em outras instâncias. Como monitor de oficinas e alongamentos pude oferecer ao grupo, e naturalmente a mim mesmo, diferentes práticas de alongamento e experimentar possibilidades que de modo definitivo me ajudaram a construir um arsenal de exercícios que utilizarei em situações de direção, lecionando e mesmo em minha prática pessoal. 
O Transeuntes é sem dúvida o projeto que corresponde com o seu lugar de ensino, pesquisa e extensão. Já que consegue transitar neste tripé, seja efetivamente em suas ações na rua ou nas ligações e conexões com outras disciplinas, projetos e ações.
Acredito que o que eu quero com o teatro seja bem próximo à rotina do grupo. Suas discussões e práticas exigem compromisso e envolvimento e demonstram na prática o que o teatro e a profissionalização exige. Saio do grupo por questões pessoais, mas é um pedaço de mim que morre. Foi neste grupo que me formei e que amadureci como estudante, como profissional e principalmente como pessoa. Agradeço a todos àqueles que comigo compartilharam momentos no grupo e desejo que ele tenha vida longa e que continue com seu papel fundamental dentro da UFSJ. Que é o de oferecer novos modos de se fazer e pensar o teatro contemporâneo, desestabilizando as práticas vigentes e os usos codificados do corpo, da cidade e do pensamento.
MARIA GABRIELA PEREIRA LUCENTI
• Minha aproximação foi em agosto de 2014, tendo participado como produtora (no sentido contra regra) na apresentação em Fortaleza e, posteriormente, na Bienal da UNE em janeiro de 2015. Minha entrada como “proponente” e “atriz” se deu em março de 2015.
• Proximidade com o orientador (tanto em linha de pesquisa, quanto pessoal/afetiva); interesse pela linguagem pesquisada; possibilidade de apresentar para púbicos mais variados.
• Tive um ano muito ruim, e isso refletiu em meu trabalho em todas as áreas do grupo (e em outros grupos dos quais participo também). Gosto da forma de trabalho do Transeuntes, onde há horizontalidade e incentivo à participação de todos e todas.
• Gosto do modelo de pesquisa do transeuntes, que trabalha acerca da pergunta “sobre o que quero falar”. É um formato que atrai pessoas interessadas em debater questões de cunho social. Esses debates são importantes 1: porque são; 2: são tendências acadêmicas e sociais, favorecendo nossa entrada em congressos, seminários, festivais...;3: é característica (desde muito tempo atrás) do teatro que seja envolvido, engajado.
O transeuntes se propõe a pesquisar performatividade, conceito relativamente novo e ainda pouco assimilado pelas grandes populações urbanas. É uma aplicação prática dos conceitos aprendidos nas universidades às comunidades. No Brasil, o teatro e a performance, bem como outras artes contemporâneas, não são devidamente difundidos e, por isso, não são compreendidos ou absorvidos por não estudiosos do assunto. Mesmo em estudiosos, por se tratar também da estética emergente, muitas ideias se misturam e confundem.
O objetivo do grupo é entender o que já foi e ainda está sendo pesquisado de forma teórica e prática, incluindo a cidade e a população.
• Durante os ensaios do inverno cultural, tivemos aquele caso interessando do menino passando por nós no momento de tortura das bruxas. Ele não entendeu o que era, fazendo o que achava certo, porém, com meios errado (talvez!), nos ameaçou. Após explicarmos (400 vezes!) que se tratava do ensaio de uma peça, ele foi embora ainda nos intimidando. Ele nos assistiu nos dói dia de apresentação, e levou muito amigo que, provavelmente se não tivesse ocorrido o episódio, não teriam ido.
Só por isso eu acredito fundamental o contato que o transeuntes se empenha em manter com a comunidade. Apesar de acreditar na arte como dos principais agentes modificadores da sociedade, não tenho a ilusão de que vou modificar o mundo e atingir milhões de pessoas com meu teatro ou minhas ações artísticas. Entendo que é um trabalho árduo, de formiguinha, e que está sentamos cumprindo bem.
• Como já disse, não tive um bom ano. Sendo assim não creio que contribui muito nos pic Nietzsche, poucas vezes consegui ler os textos a tempo. Ainda assim frequentei-os pois gosto da proposta e acredito que as discussões também instruem.
Quanto aos treinamentos (oficinas ministradas pelos (as) integrantes), realizei-o com a entrega necessária, buscando assimilar em mim o que funciona nos outros para estimular nossa criação. Não propus muitos treinamentos ou aquecimentos por insegurança em ministrar. No grupo, me sinto segura e amparada, o que favorece minha entrega.
Apesar de tudo, me sinto também importante ao grupo devido a minha postura apaziguadora (com exceções!) e honesta.
Que o ano que vem seja bem melhor (e será!)
GUILHERME SOARES
• Entrei no grupo quando estava no 2º período entrei logo no final do ano, por compromissos na quinta feira não pude entrar no grupo no começo do ano
• Eu conheci o Curso de Teatro através do Transeuntes, um dia eu matei meu cursinho e vi a apresentação que o grupo fez no Inverno de 2014, eu sempre tive interesse no curso mas não achava nada na internet que pudesse me informar, então no fim da apresentação quando as pessoas se apresentaram eu anotei alguns nomes e adicionei no facebook, foi quando conheci o Luis e a gente marcou de se encontrar e ele me mostrou o prédio, as salas, e  me falou sobre o curso e o sobre o projeto, minha idéia inicial era participar, mas quando já estava no curso descobri que o encontro eram nas terças e quintas, e eu já tinha compromisso na quinta. Eu acho que minha motivação inicial que me fez querer participar do grupo foi porque eu adoro comédia, e vi na apresentação do Morra, apesar das cenas forte um toque de comédia e ironia, e isso me chamou muita atenção
• Eu cheguei boiando, não sabia o que era Picnitche (não sei se está correto) e nem sobre os outros autores, mas eu perguntei e o Diogo me explicou sobre os textos quanto ao preparo das ações eu tento dar o melhor, apesar de não ter atuado nesse tempo eu fiz tudo o que os atores fizeram, alonguei e fiz os exercícios que foram muito bons pra mim porque eu tenho um corpo muito duro e eles me ajudaram a soltar mais
• Eu acho super importante essa linha de pesquisa sobre vamos dizer os preconceitos da sociedade, como falar sobre religião sexualidade gênero, pois como é um grupo que está na rua, temos todo o tipo de publico presente que de alguma forma quando for ver vai se identificar com aquilo. Se fosse um grupo de ópera que se apresentasse no teatro, somente os amantes de óperas iriam ir vê-lo, mas nós somos um grupo de rua onde todos os temas discutidos são interesse das pessoas que estão na rua, elas ficam com a pulga atrás da orelha quando nos assistem, e se perguntam: será que eu ajo assim? Será que eu faria o mesmo nessa situação, ou até se identificam em algumas partes
• Eu acho super importante o trabalho na rua, até porque é o nosso espaço de trabalho, mas eu ainda vejo São João Del Rei com um pouco de preconceito em relação ao teatro, vejo que pessoas olham estranho, comentam e até dizem: Ah deve ser o povo do teatro, quando o Transeuntes está fazendo alguma ação pela cidade. É como um estranhamento para a população, ainda mais com as pessoas mais velhas que acham que o teatro é dentro do teatro e algo na rua é como se fosse baderna (minha opinião)
• Por enquanto eu só estou no Transeuntes, pois os outros projetos não me chamaram atenção, pois ou o dia não batia ou era sobre dança e eu não gosto muito de dança, eu tenho um projeto que participo desde 2014 que é o Doutores por um Triz onde visto de palhaço e vou no Albergue, Santa Casa e Hospital e agora comecei nesse fim de ano a participar do novo projeto Araci. E espero que em 2016 eu continue nesse e possa me identificar com algum outro.
RICK RIBEIRO
• Minha entrada no grupo Transeuntes foi no segundo período do curso de teatro em agosto de 2014.
• Inicialmente, meu interesse pelo grupo veio a partir da identificação com teatro de rua, que já tinha uma experiência nesse meio antes de entrar na graduação. A performance e teatro performativo ,que para mim ainda era novo também foi uma importante motivação e a minha preferência de área teatral se consolidou dentro do teatro pós-dramático devido a participação no grupo. Também fui motivado pelo meu interesse a pesquisa da pratica performática e pela representação em cena. A construção a partir das temáticas que levantavam assuntos sociais, com um questionamento através de processos criativos e artísticos na rua, me despertou uma motivação ativista em que era um espaço de criação performática suscitando temas atuais que precisam ser evidenciados. Outra motivação foi a experiência com a representação pelo fato de me identificar menos com a interpretação. E acreditar no trabalho corporal do grupo com a  representação.
• O grupo tem um formato colaborativo, que propicia o envolvimento de todos os membros a cerca das ações e propostas para montagem. Existe um espaço para a proposta de cada membro. Dentro de um processo de construção acredito ser válido todas as propostas e particularmente me vejo no grupo com propostas e pontos de vista que através de uma reciprocidade dos membros, o manifesto, ideias e ações criativas são úteis e esboços de pesquisas pessoais são trabalhadas e atendidas tomando perspectivas em um conjunto dentro dos limites quantitativos de propostas.
• Acredito que as temáticas como o feminismo, gênero, relações sociais entre outras que o grupo trabalha, são de extrema importância, é o questionamento de um assunto em pauta na atualidade são assuntos que necessitam de uma evidência que pode ser através da Arte como um manifesto, o grupo traz essa reflexão ou questionamento social sem um convite formal, intervindo o espaço urbano, e um espectador cidadão, pode ter conhecimento ao tema em sua participação com a intervenção performática proposta pelo grupo. Julgo que o  questionamento social deve está nas ruas, atingindo todas as camadas populares. A arte como manifesto fora de um espaço fechado e especifico atinge um número da população que não é elite. O público urbano tem uma relação direta com a apresentação performativa que interviu sua rotina e uma participação com a temática proposta que esta é evidenciada através das ações e reconhecidas por estes espectadores como temas atuais, ou os espectadores que desconhecem a temática, passa a ter conhecimento desses fatores ou problemas sociais com a relação das intervenções do grupo. 
• A cidade é uma espaço físico, que pode ser apropriado, ou pode sofrer uma intervenção ,o teatro feito na rua pode trazer novos significados  aos espaços urbanos. O público passa ser participante da construção criativa do grupo, e a cidade passa a ser um espaço de envolvimento entre público e artista através de uma relação mais intimista, a reação dos espectadores-transeuntes da rua é um elemento construtivo para o teatro performativo do grupo que faz suas experimentações na rua. Espaços urbanos que antes eram despercebidos passam a serem notados após a ocupação do grupo. Espaços desvalorizados que mostram a diferença de classes e valores culturais da cidade são espaços de preferência para as atividades do grupo, gerando uma nova significância de espaços em áreas abandonadas pelos poderes executivos.
• Deus é Fiel - Marca Registrada, o espetáculo é um trabalho em que me orgulho, foi uma grande experiência de transformar pesquisas a cerca dos temas: lucro através da religião, submissão da mulher na atualidade e a homofobia, em material cênico. Os textos a partir da discussão da performance é um conhecimento um tanto válido. Vejo a encenação performativa do grupo Transeuntes como um escape de uma construção a partir do realismo e tanto rica de pesquisa e retificações de temas sensíveis socialmente, e um grande envolvimento a uma prática contemporânea.
JUNIO CARVALHO
• Primeiro período do ano de 2013
• Minhas principais motivações, desde o início, são a possibilidade de estreitar fronteiras entre a cena e o público e a pesquisa ser provocada a partir de incômodos do grupo.
• Acredito participar efetivamente das ações do grupo, seja nas proposições de oficinas, alongamentos e outras práticas corporais; seja na postura crítica perante as discussões. O horário e o cronograma poderiam ser melhor articulados no que diz respeito ao cumprimento dos horários.
Me movo dentro do grupo segundo as provocações advindas das pesquisas do grupo, das quais procuro me alimentar e regar.

• Considero todas as temáticas trabalhadas até hoje plausíveis e necessárias de serem repetidas como preceito de resistência social, pois acredito na força que o grupo pode ter diante possíveis rupturas de conservadorismos/tabus sociais. É difícil atender todas as demandas pessoais, porém podem ser melhor aproveitadas no processo de criação.
• Com atenção, presença e ânimo nos olhos, o Transeuntes consegue atingir o efeito do entusiasmo e do prazer do público, fazendo com que este se coloque em cena e queira participar do evento.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015


Deus é Fiel-Marca Registrada
SEPOGA


O I Seminário da Pós-graduação em Artes na UFMG: pesquisa em andamento foi espaço para a apresentação artística do Grupo Transeuntes. O evento SEPOGA foi organizado pelos alunos de Pós-graduação em Artes na EBA e da UFMG durante o mês de outubro. O evento promoveu a discussão e o compartilhamento de pesquisas em andamentos, favorecendo o conhecimento acadêmico através da interação de pesquisas nas áreas como artes plásticas, cinema e tecnologias¹.
O grupo Transeuntes, enquanto participante do evento, destaca a visibilidade e a acessibilidade à experiências interdisciplinares e, o espaço para um diálogo direto com parte da comunidade externa presente. No dia 22 de outubro, o grupo Transeuntes participou do evento, apresentando um fragmento do espetáculo Deus é Fiel-Marca Registrada. As cenas O baile do Deus Moto e O culto da Igreja Transversal, foram escolhidas para uma amostra do espetáculo performativo que aborda temas como o lucro a partir da fé alheia, a homofobia, o racismo, a submissão da mulher na atualidade e extremismos religiosos que atacam e destorcem identidades não normativas. Tais questões que foram discutidas ao final da apresentação. A conversa concretizou-se com perguntas dos espectadores aos integrantes do grupo. Essas perguntas tinham como temas o percurso criativo do grupo a partir de uma temática, a pesquisa performática na rua, a utilização do espaços urbanos e, como as ações vão se desenvolvendo desde de 2012.

O grupo Transeuntes também compartilhou sua experiencia em pesquisas praticas que contribuíram para a composição do espetáculo Deus é Fiel -Marca Registrada. A experiência que o espetáculo absorveu da prática teatral na rua, a relação com espectador transeunte da cidade de São João Del-rei durante as apresentações, foram outros pontos relevantes entorno da pesquisa.








1 http://www.sepoga.com.br/#!evento/conr