Bem Vindo!

TRANSEUNTES

Criado em abril de 2012, o grupo de pesquisa"Transeuntes: Estudos sobre performance e Teatro performativo" foi formado a partir da necessidade de artistas em ampliar os estudos sobre as intervenções performáticas nas ruas. Em parceria entre Professores e Alunos do Curso de Teatro (COTEA) da UFSJ (Universidade Federal de São João Del Rei), o projeto consiste, entre outros pontos, em estudos teóricos sobre determinados autores que abordam o teatro nas ruas e em experimentações práticas que visam inserir o espectador transeunte na construção dos processos criativos, a partir das temáticas referentes às abordagens atuais. A pesquisa tem como principal objetivo investigar as propostas de estreitamento entre a cena contemporânea e o espectador transeunte nas ruas de São João Del-Rei, visando analisar a inserção do público como participante das ações performáticas, na busca de:

(...) Utilizar o ambiente urbano de maneira diferente das prescrições implícitas no projeto de quem o determinou; enfim, de dar-lhe [espectador-cidadão] a possibilidade de não assimilar, mas de reagir ativamente ao ambiente. (ARGAN, 1998, p. 219)

Os membros atuais do grupo Transeuntes são:

Professores - Ines Linke e Marcelo Rocco.

Alunos - Débora Trierweiler; Diego Souza; Diogo Rezende; Fernanda Junqueira; Gabriela Ferreira; Guilherme Soares; Halina Cordeiro; Henrique Chagas; Isabela Francisconi; Kauê Rocha; Nathan Marçal; Paula Fonseca; Rick Ribeiro; Tatiane Talita.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Congresso em Belém

Ficamos alojados primeiro em uma escola da Universidade chamada núcleo pedagógico integrado que se localizava próximo a UFPA, depois de dois dias, a produtora local do espetáculo disponibilizou outro lugar devido a falta de água que ocorreu no alojamento anterior.
A apresentação aconteceu dentro da hora prevista. Com algumas modificações e encaixes, a participação de um dos produtores, bruno costa, como performer foi algo que chamou atenção e algo a ser pensado para o próximo espetáculo. O público inicialmente se mostrou tímido devido as dúvidas que os produtos que a personagem Majaika oferecia em seu estande. Depois, se tornou um público participativo e que respondia aos estímulo s dados e até mesmo ousado em algumas ocasiões. Um dos espectadores se revoltou ao ver a suposta garota apanhada do público que na frente de todos para o teste do creme. Mesmo depois da mesma ter se mostrado ser atriz no momento que usa o véu, ele continuou dizendo que "era um absurdo fazer aquilo com uma atriz". Creio que ficou chocado com a cena do creme e mesmo quando a atriz se manifestou, ele ainda estava sob efeito do susto e não conseguiu processar a informação!
O espetáculo seguiu sendo aplaudido espontaneamente em quase todas as cenas. Ao final, o espetáculo foi bastante parabenizado por vários espectadores que ficaram discutindo o tema com os atores e o diretor.

Fotos: Marivaldo Pascoal









O professor Marcelo Rocco e o bolsista atividade Luis Firmato apresentaram uma comunicação oral juntos sobre o projeto Urbanidades/ Transeuntes. A bolsista do projeto Iolanda de Lourdes ofereceu uma oficina juntamente com os voluntários do Transeuntes, Pedro Henrique e Sabrina Mendes.

Fotos : Iolanda de Lourdes














quarta-feira, 14 de maio de 2014


Confira a publicação na página da UFSJ sobre a apresentação de MORRA! no 6º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária (CBEU), em Belém do Pará









terça-feira, 13 de maio de 2014

Impressões sobre a apresentação de Morra! no 4* Festival do Teatro de Ubá

O Transeuntes esteve no Festival de Ubá do dia 1 ao dia 4 de maio de 2014 apresentando o espetáculo Morra! Conosco, foram mais três grupos selecionados da UFSJ. 





Foram feitas duas perguntas aos integrantes do grupo: 

1.Como você viu a relação entre a sua atuação e o espectador no Fetuba? 

Luís Firmato: As relações foram muito potentes,  o público se mostrou participativo e interessado. A construção das minhas falas e ações tem como apoio o espectador, logo essa interação precisa ser a mais estreita possível. O grande número de pessoas também exigiu uma construção de corpo maior, era preciso elevar a energia de cada ação para que ela atingisse o maior número de pessoas sem perder em qualidade de proposta.

Iolanda de Lourdes: A figura que construí, possui diretamente uma ligação com o público pois até o momento do creme, sou uma espectadora como qualquer outra pessoa que assiste. Quando a personagem do Luís começa a passar o creme em meu rosto, já me faço de desconfortável, pois realmente seria uma situação constrangedora alguém pegar você para participar de uma promoção e passar creme de verdade em seu rosto se estendendo para seus cabelos. Como se fosse pouco, a "espectadora" sairá banhada em creme logo mais a frente. O público reage com risos e piedade a cada fala e gesto do Luís que humilha e desconcerta a figura que está sendo exibida diante todos. Creio que a identificação é muito grande pois poderia ser um deles.

Marcelo Rocco: Acredito que nesta apresentação o espectador realmente foi envolvido nas condições: espectador-testemunha; espectador-participante e espectador-coautor. O lugar confortável palco-plateia foi inteiramente diluído nas construções entre cena e público, estreitando as relações em que o espectador foi colocado em risco, como possibilidade de ver a cena por dentro; 

Camélia Amada: Percebi um crescimento na minha atuação na apresentação feita em Ubá e acho que a forma como os espectadores reagiam ao espetáculo tem forte reação. Foi um publico receptivo e atento apesar das dificuldades técnicas que podem de alguma forma ter prejudicado o entendimento.

Pedro MendonçaO espectador influencia totalmente neste trabalho, pelo diálogo que se dá diretamente com ele! Na cena do fotógrafo, as pessoas que vão me oferecer material para os diálogos. No FETUBA especificamente, depois de avaliarmos a apresentação, percebemos a necessidade de conduzir o público para o espaço com a preocupação de que a visão não seja penalizada. Como a visão foi prejudicada para alguns, a sensação que eu sentia, era que o que eu dizia não ganhava profusão pelo espaço, como se eu tivesse achatado contra a parede às minhas costas. Experiência concreta que o espaço é um elemento vivo no nosso trabalho, e a forma de lidarmos com ele influência na energia e na comunicação da cena.

Júnio de Carvalho: Acredito que esta foi nossa melhor apresentação tanto em relação a performance de nós atores quanto no que diz respeito à interação do público presente. Partindo desta consideração, conseguimos direcionar com mais perfeição o público às cenas e percebi um melhor entendimento por deste...

Igor Oliveira: Como eu faço dois personagens diferentes, a relação dos mesmos com o espectador e a apropriação do espaço aconteceram de maneiras diferentes. O Câmera Man é um personagem apático ao público que se restringe em cumprir sua função como câmera. Contribui com a contextualização da cena mas não tem uma interação e uma relação física direta com o espectador exceto em dois momentos: quando filma a entrevista do repórter com alguém da platéia e quando faz propaganda da cobertura de morango que é colocada como sangue. Ainda assim, esses dois momentos não dependem de uma reação e de uma resposta do público como a que o entrevistador precisa, o que o torna um personagem à parte do expectador, e em Ubá, tal aspecto foi constante. Ao meu ver, apesar de uma influir na outra, a relação entre expectador e minha atuação é mínima comparada à relação do expectador com a cena, diferente do que acontece com outro personagem durante a procissão. 
A apropriação do espaço pelos personagens começou antes do espetáculo com a discussão em grupo sobre quais locais aconteceriam as cenas e, consequentemente, por onde os personagens entrariam e como funcionaria a condução do público. No caso da cena com o Câmera Man, como a ideia era de que o espetáculo não se restringisse à um espaço específico, e se apropriasse de forma abrangente da cidade, o sentido por onde o repórter e o Câmera Man entravam era diferente do percurso por onde a platéia chegava no local onde a menina estava e diferente do percurso por onde sairia. Entre as duas ruas que permitiam tal ponto escolhemos a com menor tráfego e como já esperávamos, a platéia havia circundado a menina morta. Adentramos então naquele espaço que, mesmo com interferências do entorno, havia se transformado numa arena. A presença do público ali rodeando a menina formou uma barreira que isolou aquela cena do restante da cidade - o que também acontece na realidade quando ocorre um acidente e as pessoas, por curiosidade ou outro motivo qualquer, cercam o local. Havia então um limite onde os personagem deveriam atuar. O que fizemos foi explorar esse limite, percorrendo e apropriando do espaço, de forma com que a cena pudesse ser captada de vários ângulos. Quando o Câmera Man pára de filmar o repórter e começa filmar a propaganda da balinha, ainda havia uma barreira de pessoas entre os dois - o que não foi um problema por causa da movimentação da Maraija e, consequentemente, do câmera. 
A cena da briga entre os repórteres começava no mesmo espaço onde a menina foi encontrada e perdurava durante a plataforma da estação até chegar no salão onde aconteceria a cena do estupro. Como a distância até o salão era muito grande houve uma preocupação com a condução. Além disso, a largura da plataforma por onde o público nos seguia era pequena e impedia a visão de toda platéia da briga. Com o intuito de prolongar a cena e aumentar o campo de visão, os três personagens desceram para a rua e até determinado momento o câmera continuou filmando da rua a briga que acontecia na plataforma.
Na cena do casal à mesa, o personagem fica inerte à platéia até o momento em que a Maraija chega e o presenteia com a caneca que ele mostra ao público. Assim como o Maraija rompeu o limite que o público também formou circundando a cena do casal, o marido o fez quando foi pegar as velas que estavam escondidas atrás da pilastra. A partir desse momento, com a interação entre os três personagens e o expectador, a platéia volta a atuar ativamente no espetáculo. As pessoas queriam segurar uma vela e participar daquilo - por isso e pela pouca quantidade o marido também chegou a distribuiu fósforos. Durante a procissão ele acompanhou e deu apoio a esposa, que também interagia diretamente com a plateia sendo que a caminhada até o local onde estava a menina com a(o) fotógrafa(o) aconteceu seguindo a reação do público. Algumas pessoas foram na frente e já não prestavam mais atenção no casal, outras acompanharam escutando suas lamentações e outras foram seguindo atrás.  
Na cena final, o casal e a Maraija ficam ao fundo e quando retornam para tirar a foto o público parece apático a eles: observam mas as posições e a espera pela foto continua - nenhum dos personagens é o principal, e sim a fotografia com a menina.


2.Como se deu sua apropriação do espaço? 

Luís Firmato: Tentei dialogar com o espaço da melhor forma possível fosse por usos distintos do natural, fosse por uma negociação com os elementos espaciais. A rua pede ações maiores e a sobreposição sígnica obriga a momentos de imposição, de relações igualitárias e de negociação. A apropriação se deu a partir de improvisos de experiências vividas no grupo Transeuntes e do Urbanidades:Intervenções e da visita realizada no espaço de apresentação. Tanto no que compete á relação com o espectador, quanto no que compete a apropriação do espaço acredito que essa foi uma das apresentações mais potentes em termos de provocação e reflexão.

Iolanda de Lourdes: A cena do creme, usamos logo uns blocos que estavam disponíveis na praça. Um encaixe perfeito! 
Atravessar a rua ao ser empurrada, me deu uma sensação de invasão e de domínio da rua. Onde qualquer coisa pararia por que estávamos passando. 
A cena do véu compõe a linha da parede da estação e isso me faz ter uma noção de aproveitamento e mudança de olhar sobre aquele local. 
Na cena do corpo estirado coberto por jornais, deitei me perto de uma tinta vermelha que estava respingada do chão. Me pareceu apropriado e ideal para a cena de uma mulher morta jogada.

Marcelo Rocco: A ocupação foi dada a partir do olhar do grupo sobre o espaço, sobre os moradores, sobre a estação que nos foi dada como espaço potente de ação. O tempo de ocupação previa foi curto, mas conseguimos entender, mesmo que de forma efêmera, a funcionamento, o circuito daquele espaço. Criamos espaços intimistas, especificamente na cena de estupro, espaços de relação cara a cara, espaços de ação, espaços de surpresa e incômodo. A condução, o caminhar pautado na lógica de mercado, tempo-espaço-lucro, foram dados pelo MORRA! em uma" FODEÇÃO" da menina pela mídia, em que até o ritmo acelerado do espetáculo foi embasado no $$$$$ do mercado contemporâneo que usa até a morte como um souvenir. 

Camélia Amada:Partindo do local estabelecido pela produção do festival o grupo  determinou os espaços para cada cena de forma conjunta. Fizemos uma lista das cenas e anamos pelo local, observando qual seria o melhor trajeto, quais lugares se adequariam a cada cena, se a troca de roupas dos personagens era possível e poderia acontecer de forma fácil e rápida, se o publico ficaria bem localizado e se o local acrescentaria algo á cena.

Pedro Mendonça:A apropriação se deu, ao andarmos juntos pela praça, estação e ruas aos arredores. Tínhamos a sequência das cenas na cabeça, como objetivo inicial para a ocupação, mas deixávamos este novo espaço nos propor outras possibilidades. Estávamos abertos para o que o espaço podia oferecer a nossa dramaturgia. Atentos aos símbolos que já íamos oferecer, e aos símbolos que a rua nos colocava.


Júnio de Carvalho: A apropriação do espaço foi bem tranquila, dinâmica e harmoniosa. Após o conhecimento dos espaços possíveis, construímos sugestões de trajetos a serem ordenados e discutimos as probabilidades e fizemos um reconhecimento do espaço decidido. Desta maneira, a escolha do espaços e das trajetórias, conseguimos recriar espaços condizentes às cenas apresentadas de uma forma dinânica e viva.





Morra na Rua - Apresentação do espetáculo MORRA! Mas Antes Aproveite Nossas Liquidações... em Ubá, Minas Gerais

Morra na Rua
            Consideramos todas as partes de uma pesquisa importantes. Mas no caso do Transeuntes – Grupo de Estudos em Performance, acreditamos que o momento da apresentação seja um dos mais potentes já que nos possibilita refletir sobre um trabalho construído a meses. Situações que promovem reflexões assim são as apresentações em festivais como a ocorrida no início do mês de maio de 2014 no 4° Festival de Teatro de Ubá.           
            Alguns Transeuntes chegaram a pequena cidade mineira na sexta-feira (dois de maio) enquanto outros puderam fazê-lo apenas no domingo. Àqueles que estavam no município foi dada a incumbência de visitar a antiga estação de trem para estabelecer os locais onde aconteceriam cada cena. O trajeto foi estabelecido como forma de valorizar tanto as cenas quanto de provocar novos usos do espaço que é associado por alguns moradores como um local sujo, freqüentado por prostitutas e dependentes químicos. A proximidade com uma casa de prostituição não ajuda a valorizar a estação.
Cabe aqui uma ressalva. Evitamos ao máximo excluirmos a possibilidade de dialogar com os moradores, sejam eles excluídos ou não,  da cidade de Ubá ou de qualquer outra em que nos apresentemos. Tal atitude destoa completamente de nosso discurso e da construção da metodologia do grupo. Contudo esta preocupação parece não estar atrelada de modo natural a todos os grupos que se apresentam na rua.
 Alguns integrantes do nosso grupo de pesquisa que assistiram outras apresentações sentiram-se incomodados com a forma hierárquica com a qual alguns grupos que se apresentaram trataram moradores de rua e passantes embriagados, como se no momento espetacular estabelecido com a presença de “artistas” se anulassem as sobreposições de signos típicas das ruas. Pedro Mendonça, ator e pesquisador do grupo Transeuntes alegou ter refletido muito sobre os acontecimentos e como ocorre efetivamente a apropriação dos  espaços. Segundo ele muitas vezes as peças trazem conteúdos ideológicos que discutem as questões de marginalização, relação entre o espaço público e privado, mas talvez respondam mais a um modismo em lidar com os temas do que um envolvimento engajado interessado em mudanças. Uma vez na rua deve-se, ao menos, considerar a existência autônoma de agentes externos que podem modificar, e no caso dos Transeuntes muitas vezes para melhor, os rumos de uma ação. Pena e Junior reforçam tal pensamento em seu Partilha e Conflito no Espaço Público: Experiências Urbanas na Cidade de Salvador, quando alertam para o fato de que uma vez na rua:
 “(...) os conflitos não devem ser encarados sob uma perspectiva negativa, visto que o espaço público é um lugar de coexistência das implicações cotidianas, do mesmo modo que partilha pode corresponder, diferentemente de compartilhamento, a relações de segmentação dos usos no espaço.” (PENA;JUNIOR, 2012, p. 46)
            Nós que pretendemos usar a cidade como lugar para a execução de nosso trabalho, como espaço para a prática de nosso entusiasmo criador devemos pensar “A cidade como lugar do estranho e do diverso, para além da comunidade de iguais, a cidade como testemunho dos acontecimentos [...]” (RIZEK, 2010, p. 72) e incluir toda esta potencialidade e ambiência no material criador. Não que o reconhecimento de que a rua e seus usuários não devem ser desconsiderados como interlocutores facilite seu uso. Alguns problemas surgidos logo na primeira visita ao espaço de apresentação confirmam a máxima.
            A primeira visita apresenta algumas dificuldades. Principalmente no que concerne a música. Diferente da última apresentação – na cidade mineira de Araguari – não teremos a caixa de som com rodinhas. A música, que muitas vezes auxilia trazendo ritmo à cena, poderá ter sua execução prejudicada. Neste momento aparecem também outras tensões. Ao passarmos um ensaio técnico surgem diversos olhares sobre a cena e o diretor não consegue realizar seu trabalho sem interrupções e comentários. Uma reunião tenta amenizar as diferenças. Nela somos relembrados sobre o papel de cada um no grupo e é solicitado que deixemos o diretor cumprir o seu papel. Em processos de criação semelhantes ao nosso – em que o ator traz materiais criativos a serem organizados e formatados pelo diretor - é entendível que todos se sintam pertencentes e de certo modo autores. Mas cabe a figura do diretor, a partir de seu olhar externo, decidir o que melhor condiz com as ideias articuladas pela peça em questão. Limadas as divergências somos convidados a voltarmos para o alojamento de onde devemos retornar já para o espetáculo que acontecerá ás 16h00. É sugerido que tenhamos um momento do grupo – em forma de alongamento e aquecimento - antes da apresentação em si.       
            A falta de estrutura e suporte por parte da produção local associada com avisos de que em outras peças apresentadas no festival ocorreram intervenções bruscas de passantes e frequentadores do local cria uma atmosfera que a nosso ver reverberou positivamente na apresentação. Longe de insinuarmos que o grupo funcionou apenas a partir de uma demanda de possíveis intrusos, desejamos mais atentar para como a convivência estabelece um amadurecimento das relações. Se por um lado ocorrem diversos momentos de diferença de opiniões e, entre tantos corpos intencionados em se expressar e defender seu ponto de vista, alguns conflitos, temos de algum modo um fortalecimento das relações entre os membros do grupo. Tal afirmação foi confirmada diferentes vezes na apresentação quando a partir das demandas surgidas encontraram-se soluções em conjunto. Talvez isso tenha se dado confirmando o que bem diz Nicolete:
A afinação entre os parceiros que o convívio tende a proporcionar leva, à parte os conflitos também gerados pela intimidade, a certa sintonia criativa, como se uns ‘lessem o pensamento’ dos outros, de modo que as respostas as estímulos possam vir rápidas, os acordos ou os enfrentamentos possam se dar mais objtivamente (sic). (NICOLETE, 2010, p.37)
Alongamentos e aquecimentos realizados em conjunto ajudaram a construir uma base de confiança no outro, necessária a qualquer grupo que se disponha a trabalhar em conjunto. No caso dos Transeuntes isso se dá de forma vertiginosa. A apresentação lida com temáticas polêmicas e com corpos diferentes de padrões hétero-normativos. Somado a isso temos o fato da peça ser extremamente interativa e dinâmica no que diz respeito ao uso do espaço. O deslocamento acontece na rua e mescla o uso de espaços fechados e abertos ampliando assim as possibilidades de intervenções externas.
            Decidimos então que nas áreas externas (praça e varandas da estação) usaremos o som instalado em uma tenda no centro da praça. Tememos que sua potencia nos deixe inaudíveis, mas de qualquer forma o trânsito em torno da estação parece ir ao encontro disso. Como a ala da estação que usaremos estava ocupada por outra cena optamos por trocarmos de roupa na parte externa. Decidimos algumas modificações e apesar da apreensão gerada assumimos que isto faz parte da construção do espetáculo e da linguagem do grupo, principalmente se considerarmos que o grupo Transeuntes é associado a um grupo de extensão que se chama Urbanidades:Intervenções.
            Temos na decisão de alterações evidências do amadurecimento dos membros do grupo. Após a modificação ou suprimento de alguns elementos, cenas ou ações, não notamos nenhum constrangimento ou apego. Entendemos que o que importa não é a conservação de ideias pessoais, mas o espetáculo como um todo. Junio de Carvalho é convidado a entrar depois do tempo habitual, e mesmo que isso de certo modo dê menos visibilidade a sua cena não o incomoda. A praça é enorme e cerca de duzentas pessoas acompanham a cena inicial. Percebemos logo de início que teremos que ampliar nossa voz e gestos. Entendemos que nossa energia e intenções devem ser claras e elevadas já que a competição por atenção em uma hora de grande fluxo de pessoas e automóveis é quase injusta. Logo no trajeto entre a amostra grátis dos efeitos do creme da marca fictícia MORTA e a decida do véu temos um destes momentos. Um veículo longo, espécie de fusão entre trenzinho e trio elétrico passa na rua sobre a faixa que usaríamos. A solução é incluir o “trem” e seu alto som mecânico como parte do espetáculo. Outras situações convidaram os atores pesquisadores a saírem de seu lugar comum.
 Alguns integrantes experimentaram apropriações do espaço físicos que promoviam maior visibilidade. Foram utilizadas mesas, construções de concreto e vigas de madeira e como suporte para as ações das cenas. O acesso a praça é aberto e o fato de ser cercada por diferentes ruas possibilitam a chegada dos espectadores por todos os lados. Este cerco literal provoca os atores a desafiarem qualquer sentido permanente de frontalidade. Tanto o número de espectadores quanto sua disposição não determinada dificulta a visibilidade. Temos a impressão de que é quase impossível assistir todas as cenas com qualidade de visão. Em uma conversa posterior a apresentação somos alertados e assumimos que em momentos iniciais de algumas cenas precisamos convidar os espectadores mais próximos a sentarem. Mesmo não resolvendo todo o problema da visibilidade pode otimizar algumas cenas.
Um ditado popular traz a máxima “inimigos: se não pode com eles, junte-se a eles.” Se alguns veículos surgem interrompendo ações e falas, é da nossa escolha o uso de um deles. Na cena da mesa de café uma personagem surge de algum lugar de forma inesperada. Como o espaço escolhido para a cena em Ubá não permitia o artifício escolhemos que a chegada seria de carro. A escolha condizia com a intenção da cena, já que a figura acabava de chegar de uma viagem de compras. A procissão estabelecida na interação direta com o espectador que recebe velas funciona muito com a iluminação noturna. A cena final apresenta o ápice do problema da visibilidade e o final da peça apresenta problemas que precisam ser revistos.   
Revendo todas as apresentações, desde os ensaios abertos e a participação em festivais acreditamos que esta tenha sido a grande estréia do MORRA. A apresentação ocorreu na rua, com tudo o que ela possui de provocação e diversas situações só puderam acontecer nesta relação. Os espectadores estiveram presentes e, a partir de, podemos detectar quais disposições e ações das cenas são ou não passíveis de reflexão e reconfiguração. Os preparativos para uma próxima apresentação, em Belém do Pará, no fim do mês de maio com certeza terão as marcas desta experiência nada morta.

BIBLIOGRAFIA

NICOLETE, Adélia. Dramaturgia em colaboração: por um aprimoramento. Subtexto. Ano VII. V.7. Dez. 2010
PENA, J.S; JUNIOR, O. A. W. Partilha e Conflito no Espaço Público: Experiências Urbanas na Cidade de Salvador. Redobra. Salvador, Bahia. V.9. 2012



terça-feira, 6 de maio de 2014

Diário de viagem para apresentação no II FESTA - Festival de Teatro de Araguari. Que aconteceu de 16 a 21 de abril de 2014.

MORRA NA FESTA*

*Observação Importante: As opiniões expressas neste diário são de inteira responsabilidade do autor do texto e não correspondem exatamente com as ideias de todos os integrantes do grupo Transeuntes envolvidos na viagem.

            O Transeuntes – Grupo de Estudos em Performance passou cinco dias no II Festival de Teatro de Araguari, Minas Gerais. Da longa viagem à entrega dos prêmios passamos por diversas experiências. Entre apresentações – nossas, ou não – oficinas e encontros fortalecemos laços, identificamos semelhanças, porém, mais que tudo, contatamos com as questões tão caras a nossa linguagem e escolhas.

SÃO JOÃO DEL-REI, QUARTA-FEIRA, 16 DE ABRIL DE 2014
O Espetáculo MORRA! Mas antes confira nossas liquidações... foi selecionado para se apresentar no FESTA. Os preparativos começaram cedo. Faço algumas coisas comuns em qualquer viagem, outras nem tanto. Separar figurinos, pegar documentos, não posso me esquecer dos esmaltes... Fazer a mala me coloca de frente comigo mesmo. Retiro algumas peças e me lembro que não preciso levar a casa toda, mas adereços e figurinos sim. Meu ombro está doendo, o casco da televisão utilizado em cena caiu em meu ombro direito quando separava os figurinos e elementos cenográficos. Criticamos muito a mídia televisiva na peça, acho que foi um tipo de vingança. Eu, Marcelo Rocco e o Igor fomos à empresa de ônibus confirmar as especificidades da ida e volta. Acredito que teremos uma viagem mais tranquila que confortável.

ARAGUARI, MANHÃ DE QUINTA-FEIRA, 17 DE ABRIL DE 2014
Figurinos, malas e colchonetes couberam no ônibus depois de algumas tentativas. O motorista parece responsável, mas um pouco apressado. Dividimos uma cartela de Dramin como se fosse água no deserto, eu havia me esquecido como é horrível ficar grogue. Entre náuseas e mal estar prefiro não ter visto quase nada na viagem. A produção foi muito receptiva. O alojamento é em um colégio público da cidade. Ficamos na sala 3, só com membros do grupo. As pessoas ainda estão chegando. Antes de qualquer coisa precisamos ir até o bosque decidir e passar para a produção as necessidades da apresentação.
O bosque é enorme, não maior que a confusão que arrumamos para decidir os pontos da apresentação. Fico irritado, mas não nos matamos. Por fim decidimos os locais, preciso esconder minhas roupas no mato e tomar cuidado para que nenhum bicho me morda durante as trocas de roupa. O bosque, com todo bosque que se preze tem muitas formigas, falando nelas não podemos ver a primeira apresentação da “Carolina, a Formiga Fofoqueira” que acontece neste momento. Penso em pedir desculpas pelo estresse, mas meu ego não deixa. Preciso ser mais tolerante, preciso ter foco, mas na verdade preciso mesmo é ir no banheiro. Não interessa quantas vezes me apresento sempre morro antes, no caso da peça MORRA... acho que isto não é tão grave.

ARAGUARI, TARDE DE QUINTA-FEIRA, 17 DE ABRIL DE 2014
Voltamos para o alojamento para almoçar, tomar banho e retornar ao bosque.  A Camélia pinta minhas unhas e o Felipe me maquia. Adoro este momento, é como se eu fosse aos poucos lembrando do corpo construído. A Sabrina, ansiosa, sugere que mudemos o local da cena final, discordo e ela me dá uma bronca. Em mim e em todos os outros que acham que a mudança há essa hora é loucura. Sua ansiedade é canalizada no pensamento de que é incompreendida, de morta esta menina não tem nada... Não me incomodo, também estou nervoso, o bastante para lembrar onde trocarei de roupa por 7 vezes, quantos insetos vão me morder e como e quantas vezes  vou cair com o chão do bosque molhado de chuva.
Uma chuvinha fina nos tira a última esperança de que alguém além da produção assista o espetáculo em uma quinta-feira santa ás 16h45, mas saber que filmaremos me alivia. Precisamos do vídeo sem cortes para enviar para outros festivais. Diversos problemas que tivemos neste festival surgiram pela falta do vídeo. No fim acho que ficamos neste dia e horário pela falta de clareza sobre a peça. Se assistindo o espetáculo as pessoas já acham muito, imagina sem referências. O Felipe, não o maquiador, tira fotos. Aguardo o início da apresentação próximo á casinha escolhida para a cena do estupro. Penso que o a relação da espacialidade interferirá no tempo das intervenções da minha figura. Isso não me acalma. Um alongamento melhorou meu ombro. Estou com dor de barriga, quero ir ao banheiro, mas três camadas de figurino me desencorajam. Cada vez que me desejam “merda” este desejo fica mais forte. O Mário me dá um sinal para entrar. Vou...

ARAGUARI, 16h45 DE QUINTA-FEIRA, 17 DE ABRIL DE 2014
Decidimos que o Junio ficaria fora do parque. Sua figura chama muito a atenção, quase não percebem quando chego na mesa. Inicio uma relação com os espectadores-possíveis-compradores. Não são muitos, mas estão presentes. Os braços cruzados de alguns demonstram que temem minha figura, outros estão mais abertos. Uma mulher loira ri alto e o tempo todo. O som está um pouco alto, mas sobrevivo, pior sem ele. As pessoas começam a rir, não sei quem são os jurados e prefiro assim.
Na cena da “balinha” levo um susto. Ao distribuir as balas vejo um menino a cara do Harry Potter, o problema maior nem é a semelhança física, mas a idade, a peça deveria ser para maiores de 16 anos. Mais sustos, acontece algo que cuja possibilidade sempre existiu: O Pedro e o Matheus se machucam de verdade. Na luta entre os jornalistas o Matheus corta a boca. Ele canaliza a dor para o personagem deixando todo mundo de cara com sua reação. Eu achei lindo, morri de gosto de trabalhar com ele que neste momento exemplificou a proposta do grupo quando quase desapareceu com a linha entre o ator e o performer.
Troco de roupa. Nesta cena que nas primeiras apresentações são feitas na janela devo entrar. O deslocamento é difícil e minha intervenção mais rápida que deveria. Estou preocupado com a próxima cena, esta é a roupa mais difícil de vestir, em um menor espaço de tempo.
Adoro o momento da limpeza do chão. Os espectadores que riram no começo estão em silêncio, inclusive a loira de riso fácil. Como todos estão olhando para a Sabrina que caminha com as pernas abertas pós-estupro decido cantar. Funciona, me olham, porém não estão mais comigo: de agora em diante estou sem o apoio do público do início.
A cena da mesa de café está em um lugar lindo. Não encontro a caneca e a camiseta para colocar nos peitos e nem me lembro das sacolas nos pés. Preciso repassar minuciosamente todos os momentos. Improvisamos bem e ninguém percebe que esquecemos algo. Mais cedo decidimos usar velas no trajeto até a última cena e isso acontece. Ficou lindo de dia, imagina a noite! Começo a ficar com saudades do espetáculo, nem pareço o mesmo do início.
A cena final ficou muito engraçada. O público parece interessado. Sempre acho que na música da Valesca Popozuda confundimos e passamos a ideia de que não é uma crítica. Volto para o alojamento com o figurino, alguns motoristas quase batem o carro. As pessoas desviam e olham sem disfarçar, se isso acontece na peça imagina na rua. Temos que andar depressa, a conversa com os jurados acontece em instantes.
Decidimos que a conversa deveria ser no pátio e aberta a quem quisesse participar. Este é o melhor momento do festival para mim. Veremos as impressões dos jurados e poderemos refletir sobre o espetáculo. São três jurados:  O Tato Brasil estudou na UFSJ e agora está na UNICAMP. Morgana é autodidata e o Nilo é diretor de teatro.. As visões sobre a peça foram um tanto um quanto estruturalistas. Acharam os signos do inicio confusos e perguntaram o que minha personagem era. Devolvi a pergunta a eles sobre o que acharam que eu era.  Questionaram se o riso faz pensar. Falei sobre o processo sem me desculpar. Algumas coisas que pensaram que foram gratuitas tiveram fundamento e não nos intimidamos. Acredito que no geral os Transeuntes ficaram satisfeitos com a apresentação, e apesar das dificuldades, ninguém morreu. Decidimos que precisamos repetir a dose do bosque, algumas cenas ganharam peso incalculável.

ARAGUARI, NOITE DE QUINTA-FEIRA, 17 DE ABRIL DE 2014
            A comida do alojamento é muito saborosa, o banheiro não está tão limpo, o que não é necessariamente problema de quem limpa, mas também de quem usa. Após o jantar vamos assistir a peça “Romeu e Julieta” de um grupo de Unaí. Eles fizeram uma resignificação a partir de guarda-chuvas bem interessante. O Romeu tem um corpo bem disponível. Muito potente a intervenção de uma jornalista que de certo modo encaminha a peça. A apresentação ganha pela vontade dos que fazem, acho que vão se encontrar. “Sinhá Maria” é a última apresentação do dia. O ator tem um corpo bem preparado, mas pode ser que ele caia em alguns clichês. Ele precisa descobrir os benefícios de se usar velcros nos figurinos. Voltamos para o alojamento e conversamos um pouco. Acho isto a coisa mais potente do festival: os encontros, até com quem você veio. Eu e a Iolanda descobrimos um monte de coisas em comum e ao ouvi-la descobri um monte de coisas sobre mim. Tomar banho de cueca não é a melhor coisa do mundo, e eu devia ter trazido dois travesseiros.

ARAGUARI, SEXTA-FEIRA, 18 DE ABRIL DE 2014

O carteiro de bonecas é engraçado. Uma peça infantil para adultos. A mensagem é legítima. O grupo é muito engajado, acho que apresentaram umas três peças no festival. O Auto da Compadecida tem momentos engraçados e não se prendem a versão dos cinemas. A troca de sexos dos personagens demonstra um amadurecimento dos meninos. Sempre me emociono com a cena final, mesmo que Maria seja péssima. Lembro da minha mãe e das suas limitações e sonhos. E até acredito que a religião seja boa para alguns, mas tenho certeza que o teatro é mais. “A” João Grilo é uma fofa. Temos a abertura oficial. Nunca achei graça de eventos antes da abertura, ainda mais quando o meu está incluído. O Nassim Guerra organizador do FESTA se emociona e uma representante do prefeito fala muito. Percebo um desconforto entre eles, o festival é feito quase sem incentivos. A peça seguinte foi linda. “O Marido que Comprou a Bunda a Prestação” não está concorrendo e fico feliz por isso! Saí de lá crente de que é possível se fazer coisas interessantes, mesmo sem incentivos calorosos, mesmo sem escolas de formação. Mesmo sem bunda.
“A Casa das Tias” é um sucesso. É um teatro para rir, mas não pretende ser outra coisa. Os atores parecem ter feito isto mais de dez vezes. São seguros no texto e muito rápidos. Respeitei mais ainda a diversidade do teatro e morri de inveja dos atores que usam saltos gigantes sem cair.
Depois de entrar e sair mil vezes do ônibus, descobrimos que iríamos a pé para a festa do FESTA. O lugar era pequeno, mas muito bacana. Dançamos no palco e fizemos amigos. Bebi toda a água e dancei tanto que a sola do meu sapato saiu. Ainda bem que a Camélia guardou para mim. Conversamos com algumas pessoas que gostaram da peça e um diretor de um grupo falou do que achou potente e do que não achou. Gostei dele, muito consciente. Fiquei pensando muito sobre o “povo do teatro” e confirmei que somos iguais a todo mundo mesmo, mesmo que diferentes. Tem àqueles que se acham, os que só bebem, só dançam, que fazem tudo. Tem os que se acabam na pista e os que acabam com a pista, mas no fim todos querem se dar bem e encontrar alguém que os ajudem a descobrir como somos complexos. Complexo mesmo foi voltar cansado e não achar nada para comer. Dividimos um biscoito, chocolates e barras de cereal. A Camélia e o Matheus são muito gracinhas por alimentar os pobres a noite. Tenho certeza que o Junio falou Inglês dormindo.


ARAGUARI, MANHÃ DE SÁBADO, 19 DE ABRIL DE 2014

Acordamos e quase perdemos o café. Aliás perdemos, só tinha pão e leite. Seguimos para a passeata. Foi bem curioso. A cidade não se mostrou muito receptiva aos que passeavam... acho que precisávamos de mais volume e a cidade de mais reconhecimento do que está nascendo lá. O Nassim e os “meninos” da produção fazem mágica sem dinheiro e apoio, imagina quando tiverem os dois?
Fomos em uma feira popular. Comemos pastel de Guariroba e tomamos um refrigerante com nome de santo que era dos deuses. Achei o palmito amargo, mas o passeio foi doce. Doce mesmo foi a apresentação do “Folguedo do Boi de Reis”. Cheio de erros a apresentação foi linda. Uma família de Pirapora viajou sem a formação original do grupo que alegaram não irem pela sexta-feira da paixão. A tradição sendo sua própria inimiga. O mais impressionante foi a plasticidade e potencia das danças do final da peça, talvez mais ricas que o espetáculo narrado.

ARAGUARI, TARDE DE SÁBADO, 19 DE ABRIL DE 2014

            “Tempo de Amar” era de outra família. Uma atriz estava ótima e parecia estar amando ou o teatro ou alguém tamanha sua vontade em cena. Acho que as pessoas gostaram.
            O “Brazil com Z” foi na praça. Travestis invadiram o espaço público e exigiram atenção. Os atores são virtuosos e os figurinos lindos. Penso sobre a necessidade de jogarem fubá, principalmente em mim. Brincadeiras a parte penso que isso distanciou um pouco quem via. Um certo padrão entre os corpos me incomodou um pouco, mas achei corajoso e muito potente a proposta e escolhas estéticas para um grupo de uma cidade do interior. Algumas abordagens dialogaram com o Transeuntes e no geral acredito que foi um dos grupos que mais corresponderam com o que esperamos encontrar em festivais de teatro. Eles vão jogar muito fubá em muita gente hipócrita ainda.
           
ARAGUARI, NOITE DE SÁBADO, 19 DE ABRIL DE 2014
           
            Na peça “Psicodelia do Amor” tive uma crise de riso com uma espectadora que batia palma a cada cinco minutos da peça. Fiquei muito mal, mas não consegui segurar o riso. Foi desrespeitoso e não quero que isso aconteça nunca mais. Nem fiquei para ver a última cena.
            Um “Lual” foi organizado. A Sabrina ofereceu músicas para mim e cantamos muito. Rimos por horas. Pelo menos hoje sinto que fazer teatro é bom.

ARAGUARI, MANHÃ DE DOMINGO, 20 DE ABRIL DE 2014

            Hoje é o dia das oficinas, e escolhi a de Interpretação . O oficineiro ministrou a oficina de modo muito confuso e deixou todo mundo com mais dúvidas do que vontade de rir. Ele, se referindo como a “Bárbara Heliodora” do festival causou espanto.

ARAGUARI, TARDE DE DOMINGO, 20 DE ABRIL DE 2014

Assistimos os vídeos e vimos as fotos. Não conseguimos filmar toda a cena, mas as gravações estão lindas. Fico feliz em saber que o Felipe Lopez Ivanicska se associou ao Transeuntes.
A peça “Carlos e Leno” é potente,acho que serão premiados.         “O Casamento da Mulher Feia”, do grupo com mais de três peças, é uma peça que funciona. Os skatistas e passantes disputam a atenção. Quero saber o que tem em um monte de árvores sobre as casas. Damos uma volta. Araguari é linda. As ruas são largas e a cidade muito plana. Se morasse aqui teria bicicleta e patins. As praças são bem cuidadas e nem todas tem igrejas. Achei o transito organizado, mas os motoristas são impacientes.

ARAGUARI, NOITE DE DOMINGO, 20 DE ABRIL DE 2014
           
            Outro espetáculo do curso da UFSJ vai ser apresentado. “Fantasmas da Mente” foi uma cena criada a partir de um exercício de uma disciplina. Acho válido os meninos circularem com ela, e digno que assistamos, afinal de contas nos conhecemos e somos da mesma cidade e universidade. A última cena é dirigida pelo nosso oficineiro E não vejo nada de novo no reino da Dinamarca.
A Roda de domingo foi bem animada. Dois atores representaram um casal e homenagearam todas as peças apresentadas. A troca de chocolates mostrou-se um momento ótimo. Estou começando a suspeitar que vá sofrer amanhã na despedida.


ARAGUARI, MANHÃ DE SEGUNDA-FEIRA, 21 DE ABRIL DE 2014

            O oficineiro estava pior. Os atores de Conselheiro Lafaiete foram ótimos ao criticar a oficina dele. Ele Gritou com a Sabrina depois de um questionamento e chegou a levantar, pensei que fosse agredi-la. Não agrediu, mas ameaçou... Levantei e fui embora. Não duvido que ele seja uma pessoa informada em teatro, mas definitivamente ele não está em seu melhor momento para ministrar oficinas. O Nassim pediu mil desculpas, mas acho muito culpá-lo pela índole dos contratados. Ele é um fofo e o festival está ótimo.

ARAGUARI, TARDE DE SEGUNDA-FEIRA, 21 DE ABRIL DE 2014

            A premiação é esperada e a mulher que representa o prefeito fala várias vezes. Ela não percebe que o FESTA precisa mais do que palavras... O Transeuntes foi indicado para umas 14 categorias, com mais de uma indicação em cada uma. O Junio ganhou o premio de melhor ator coadjuvante, o grupo de melhor figurino e melhor diretor. Recebi o prêmio do figurino com uma das roupas e perucas. Ficamos felizes pelas premiações, mas reflexivos por pensar que as escolhas nem sempre corresponderam com o tema do festival que era “Por Espaços e Linguagens Existem Limites? A despedida foi triste e voltamos para a casa com saldos positivos. Novos amigos, novas reflexões e confirmações de como é difícil pensar e fazer um teatro que como bem diz o Pedro Mendonça nem traz tantas novidades assim.
            Uma lua maravilhosa nos acompanhou pela viagem. Na chegada eu e o Igor descarregamos o cenário no CTAN e viemos a pé, é que o motorista apressado nos deixou na mão.
                A propósito aproveito este espaço para agradecer àqueles que nos deram uma mãozinha gigante: Felipe Ivanicska, Bruno Costa, Mário Dmnl, Felipe Trindade e Webert Souza e em especial ao Marcelo Rocco que mesmo longe estava presente em toda a viagem, ganhando até prêmio a distância.


Luís Firmato


















































Escolha da logomarca do Transeuntes

22 de abril

Produzida por Igor Oliveira


15 de abril de 2014


A reunião foi transferida para o ensaio aberto que aconteceu as 22:00 horas no Campus Tancredo Neves. O ensaio foi acompanhado por 35 espectadores que reagiram de maneira diferente da estréia de MORRA!







segunda-feira, 5 de maio de 2014

03 de abril de 2014 

Transeuntes abriu vagas para possíveis novos pesquisadores. Lycia, Lucimelia Bernadete compareceram à sua segunda reunião no grupoTendo em vista que não poderíamos ensaiar a peça MORRA! pela ausência de alguns alunosacordamos em explicar a proposta do Transeuntes para as novas integrantes do grupo.  Feito issoaplicamos alguns jogos de vivência e descontração para logo depoisrealizar com elas alguns exercícios que utilizamos na criação do espetáculoDois exercícios foram utilizados: 
1.De olhos vendadosseus sentidos eram 'violadosassim como seus corpos eram tocados de forma invasoraEssa vivência é bastane significativatendo em vista que nossas pesquisas em volta do espetáculo vai em direção a uma violação corporal e menta provocados e também causados pelos meios de comunicação. 
2. Improviso noticiáriosDois participantes seguidamente se completam ao dar cada um uma notícia de tragédia e o outro de uma propaganda de vendascontrastando e banalizando notícias assustadoras assim com fazem a tv e o rádio